Lista de bens dos políticos em MS tem de imóvel a R$ 0,01 até carrões por 30% do preço

Em quase todas as coligações, há declarações patrimoniais controversas. Uma área de quase 1.000 hectares em Miranda foi declarada pelo valor de 1 centavo de Real, enquanto carros de luxo ‘valem’ até três vezes menos que o preço de mercado. Apartamentos e mansões também têm preços fora da realidade.

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Em quase todas as coligações, há declarações patrimoniais controversas. Uma área de quase 1.000 hectares em Miranda foi declarada pelo valor de 1 centavo de Real, enquanto carros de luxo ‘valem’ até três vezes menos que o preço de mercado. Apartamentos e mansões também têm preços fora da realidade.

As relações de bens apresentadas pelos candidatos que concorrem às eleições deste ano em Mato Grosso do Sul mostram que nem sempre o patrimônio declarado equivale realmente à riqueza do político. Desde imóveis de R$ 0,01 até veículos avaliados em menos da metade do valor de mercado chamam a atenção.

Os candidatos são obrigados a declararem os bens à Justiça Eleitoral quando registram as candidaturas e um dos objetivos é manter um controle sobre o enriquecimento dos políticos durante o exercício dos mandatos. Os dados ficam disponíveis no DivulgaCand 2014, do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), e podem ser consultados por qualquer um.

Mesmo assim, não há informações sobre acompanhamento do que os políticos incluem (e a forma como incluem) nestas listas patrimoniais.

A Pastora Janete Morais (PSB), candidata a vice-governadora na chapa do ex-prefeito de Campo Grande, Nelsinho Trad (PMDB), informou uma propriedade no município de Miranda, distante 203 quilômetros da Capital, por R$ 0,01. A posse de 903,2913 hectares de terra nua foi adquirida no nome de sua filha Thais Morais Salomão.

O ex-prefeito de Campo Grande, Alcides Bernal (PP), declarou entre os bens o apartamento no Edifício Parque das Nações no valor de R$ 703.279,56. No entanto, o valor anunciado em um site de venda de imóveis é de R$ 2,2 milhões. Este imóvel já causou polêmica quando o progressista o adquiriu, no início do seu mandato, em 2013.

A Professora Rose (PSDB), candidata a vice-governadora do deputado federal Reinaldo Azambuja (PSDB), declarou ter um apartamento no Condomínio Ibiza, no Carandá Bosque, por R$ 60 mil. Conforme um site de compra de imóveis, um apartamento no mesmo edifício foi anunciado por R$ 350 mil.

O candidato ao governo, senador Delcídio do Amaral (PT), declarou um veículo Mini Cooper 2001/2012 por R$ 27.212,50. Mas na tabela Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas) o preço do automóvel mais barato do mesmo modelo e ano custa R$ 68.089. O petista declarou ter R$ 3.387.170,77 no total.

O vice do petista, deputado estadual Londres Machado (PR), declarou um automóvel Land Rover Freelander 2 SD4 2013/2013 por R$ 38.630,40. Um veículo semelhante na tabela Fipe apresentou o valor de R$ 146.030,00.

A vice-governadora Simone Tebet (PMDB), que vai disputa o Senado neste ano informou um apartamento no Edifício Alexandria no valor de R$ 310 mil. Segundo um site de compras de imóveis, um apartamento no mesmo residencial foi anunciado por R$ 1.600.000,00.

Outro bem declarado com valor diferente do mercado foi do candidato ao Senado Antonio João Hugo Rodrigues (PSD), da coligação de Reinaldo. De acordo com a lista, o empresário declarou uma caminhonete Mitsubishi L200 Triton 2009 por R$ 35 mil. Na tabela Fipe, o veículo mais barato e do mesmo modelo e ano custa R$ 73.610,00.

A possível explicação para as discrepâncias nos valores é que o patrimônio real dos candidatos pode ser maior do que informado à Justiça Eleitoral porque a declaração fornecida é a mesma da Receita Federal, cuja única obrigação é informar os valores de compra dos bens e não o atualizado.

A reportagem analisou apenas a declaração de bens dos candidatos ao governo, vices e Senado.

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