Lais recebe assistência de médico que tratou piloto que amputou as pernas

Em seu processo de recuperação, a brasileira Laís Souza recebe assistência de um dos mais conceituados neurologistas do mundo, o americano Stephen Olvey, que tratou do famoso caso do ex-piloto italiano Alessandro Zanardi, que sofreu grave acidente em 2001 quando corria na Fórmula Indy. Ela está sob cuidados médicos no hospital Jackson Memorial, da Universidade […]

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Em seu processo de recuperação, a brasileira Laís Souza recebe assistência de um dos mais conceituados neurologistas do mundo, o americano Stephen Olvey, que tratou do famoso caso do ex-piloto italiano Alessandro Zanardi, que sofreu grave acidente em 2001 quando corria na Fórmula Indy.

Ela está sob cuidados médicos no hospital Jackson Memorial, da Universidade de Miami, onde dará continuidade ao processo de recuperação da grave lesão sofrida na coluna cervical.

A sobrevivência de Zanardi chegou a ser considerada quase um milagre na época, já que teve que ser reanimado por diversas vezes depois de ser atingindo em cheio por um carro a quase 300 km/h. Ficou com quase um litro de sangue em seu corpo após o acidente e relata ter ouvido manifestações incrédulas de médicos, que não entendiam como o piloto escapou vivo de uma cena tão assustadora.

Depois do acidente, ele conseguiu uma impressionante adaptação e chegou a voltar às pistas em carros adaptados, em categorias de turismo. Em 2007, conheceu a handbike, espécie de bicicleta de três rodas impulsionada por movimentos de mãos. Na modalidade, ganhou duas medalhas de ouro nos Jogos Paraolímpicos de Londres, em 2012.

O médico do COB (Comitê Olímpico Brasileiro), Dr. Antonio Marttos Jr, citou a impressionante recuperação do ex-piloto como um dos grandes trabalhos do médico que cuida de Laís em uma maneira de mostrar que está sob o cuidado de uma eficiente equipe para sua recuperação.

“Ela está sendo acompanhada também pelo Dr. Stephen Olvey, que é o chefe da unidade de terapia intensiva neurocirúrgica do hospital Jackson Memorial e foi chefe da Fórmula Indy. Ele atendeu e recuperou o piloto Alessandro Zanardi, que sofreu amputação bilateral das pernas e tem uma vida normal. Independentemente do nível de recuperação motora da Lais, nosso principal objetivo será proporcionar a melhor qualidade de vida possível, reintegrá-la à sociedade com um sorriso em seu rosto”, falou o médico do COB, em entrevista via chat, na quinta-feira.

Lais estava internada desde o dia 27 de janeiro no Hospital Universitário de Utah, em Salt Lake City, onde sofreu cirurgia de realinhamento da terceira vértebra da coluna, após se acidentar quando esquiava livremente em Park City. Ela participaria dos Jogos Olímpicos de Inverno em Socchi (Rússia), mas teve que abandonar a competição.

O acidente causou um deslocamento do terceira vértebra de Lais, que está sem os movimentos de braços e pernas. A atleta já passou por três cirurgias desde a última semana, tendo a vértebra realinhada e pinos colocados para ajudar na sustentação do corpo.

Os outros dois procedimentos foram uma traqueostomia, para melhorar a respiração, e uma gastrostomia, para que Lais se alimente por meio de uma sonda. De acordo com o médico do COB, ainda existe risco de morte no caso da atleta, mas sua recuperação tem sido positiva. Ele indicou que ela pode não ter uma lesão medular completa.

“Não é possível nesse momento afirmar qualquer prognóstico sobre o quadro final da Lais. O ponto mais positivo nessa primeira semana foi em relação à parte respiratória. Decidimos pela não implantação do marcapasso no diafragma inicialmente. Nesse momento, iniciamos o processo de diminuição do suporte de ventilação mecânica à Lais. Até o momento ela está tolerando bem esse “desmame”. Estamos otimistas de que ela sairá do ventilador mecânico”, falou.

“Quanto à parte de movimentação ainda é muito cedo para dar qualquer prognóstico, mas temos alguns sinais de que a lesão é grave, mas não completa. Tudo indica que a lesão não foi total, mas a melhora no quadro respiratório foi a melhor notícia até agora. Reitero que impossível nesse momento saber como irá evoluir a parte motora. O risco (de morte) existe, sim, mas por estar em uma terapia intensiva temos condições de controlar e minimizar esse risco. É importante destacar que o quadro dela tem se mantido estável e ajustes têm sido feitos diariamente”, continuou.

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