Juros do crédito voltam a cair, mas ainda pregam armadilhas
Após um ano de alta ininterrupta, os juros do crédito para pessoas físicas voltaram a cair. A sensível queda em setembro vai baratear as compras parceladas, mas está longe de representar vantagem para o consumidor, concluem especialistas financeiros. Quatro entre as seis principais linhas de crédito para pessoa física tiveram queda nas taxas no último […]
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Após um ano de alta ininterrupta, os juros do crédito para pessoas físicas voltaram a cair. A sensível queda em setembro vai baratear as compras parceladas, mas está longe de representar vantagem para o consumidor, concluem especialistas financeiros.
Quatro entre as seis principais linhas de crédito para pessoa física tiveram queda nas taxas no último mês.
Os juros do comércio, o financiamento de veículos pelo CDC e o empréstimo pessoal em bancos e financeiras ficaram mais baratos, de acordo com a Anefac (Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade).
Na média, os juros para pessoa física caíram 0,33% no mês (e 0,45% em 12 meses), passando de 6,08% ao mês em agosto para 6,06% ao mês em setembro – a menor taxa desde julho de 2014.
Em contrapartida, as taxas do cheque especial – que foram de 156,41% nos últimos 12 meses – continuam subindo, atrás apenas do rotativo do cartão de crédito, que ficou estável em setembro, chegando a 218,50% em um ano.
O diretor executivo da Anefac, Miguel Ribeiro de Oliveira, atribui essa queda a três motivos: a manutenção da Selic em 11% ao ano, desde maio; a estabilidade nos índices de inadimplência; e a recente medida do Banco Central para estimular o crédito no País.
“A menos que ocorra uma eventual piora no cenário econômico e a inadimplência volte a subir, é provável que os juros do crédito se mantenham”, acredita Oliveira. A liberação de mais recursos para os bancos emprestarem pode incentivar novas reduções nos próximos meses, na opinião do executivo.
Inadimplência sob controle entre as classes mais baixas
A Sorocred, que trabalha com crediário e cartões de crédito voltados para as classes C, D e E, optou por manter suas taxas de juros este ano, apesar de a elevação da Selic só ter terminado em abril. “Não tivemos aumento da inadimplência em nossas carteiras”, afirma Marcela Vertuan, diretora de cartões da Sorocred.
Entre junho e julho deste ano, a empresa sentiu que os clientes ficaram mais restritivos para contrair crédito, o que refletiu em resultado um menor que o esperado no faturamento. “Agora estamos percebendo uma retomada do índice de confiança do consumidor”, diz Marcela.
Prazo do parcelamento preocupa mais que taxa de juros
Para o consultor financeiro do programa Vida Investe, da Fundação Cesp, Wilson Muller, ainda que os juros tenham tido uma leve queda em setembro, o ideal é continuar evitando compras parceladas, sempre que possível.
“Os juros do crédito no Brasil ainda são tão altos, a ponto de uma leve queda não ser suficiente para representar uma vantagem para o consumidor”, diz. Se não houver condições de comprar à vista e a necessidade de crédito for urgente, o consultor sugere pesquisar as melhores condições e evitar financiamentos com prazo muito longo.
Outra recomendação é jamais olhar apenas para o valor da parcela ao optar por um financiamento, e considerar principalmente a quantidade de parcelas. “Quanto mais longo o prazo, mais juros vai pagar”. O cheque especial e o rotativo do cartão devem ser as últimas alternativas de financiamento, por serem as mais caras, lembra Muller.
Na opinião do planejador financeiro Valter Police Junior, devido às altas taxas, o brasileiro deve se acostumar a poupar para comprar à vista sempre que possível. “O comprometimento da renda da população é alarmante. Mesmo que os juros caiam para zero, não justifica sair financiando tudo, pois o maior problema é o número de parcelas”.
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