Governistas tentam impor ritmo lento na CPI mista

A CPI Mista da Petrobras vai atuar no mesmo ritmo da investigação aberta só no Senado, a julgar pelo que disseram os aliados da presidente Dilma Rousseff que vão comandar a comissão instalada nesta quarta-feira, 28. Por sua vez, a oposição vai defender o encerramento da comissão exclusiva dos senadores e dar prioridade à apuração […]

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A CPI Mista da Petrobras vai atuar no mesmo ritmo da investigação aberta só no Senado, a julgar pelo que disseram os aliados da presidente Dilma Rousseff que vão comandar a comissão instalada nesta quarta-feira, 28. Por sua vez, a oposição vai defender o encerramento da comissão exclusiva dos senadores e dar prioridade à apuração com os deputados. Ontem, o pré-candidato do PSDB ao Planalto, senador Aécio Neves (MG), aproveitou uma brecha regimental para participar da sessão e defendeu a convocação de ex-diretores da estatal e do doleiro Alberto Youssef.

A primeira ação da base aliada foi deixar para segunda-feira a análise dos primeiros requerimentos dos parlamentares. Só a oposição apresentou mais de 500 em três horas de sessão e, por ora, se contentou com o apoio de parte dos deputados da base, insatisfeitos com o governo – os adversários de Dilma somaram 10 votos na disputa pela presidência da CPI.

Mas, como esperado, o senador Vital do Rêgo (PMDB-PB) obteve a maioria dos votos e vai comandar a CPI mista – ele já é presidente da comissão exclusiva do Senado, na qual a estratégia da base é evitar quebras de sigilo e fazer convocações de baixo risco para o governo e para a atual gestão da Petrobras.

Tempo. Para a relatoria foi escolhido o ex-presidente da Câmara Marco Maia (PT-RS). O petista alegou falta de tempo para elaboração de um plano de trabalho ainda ontem e agendou uma reunião para esse fim na segunda-feira. O deputado disse ser um “erro” acelerar as investigações. “Esta CPI tem que se pautar pela investigação, ser a mais técnica possível, buscar todas as informações. Não pode servir única e exclusivamente de palanque eleitoral para A ou para B.”

Por sua vez, Aécio disse que a CPI mista dá ao Congresso uma “oportunidade única de se sintonizar com a sociedade brasileira” para apuração das denúncias. “Apresentei uma proposta de convocação e de quebra do sigilo bancário, fiscal e telefônico do sr. Paulo Roberto (Costa), ex-diretor da empresa, até poucos dias hóspede do sistema prisional do Paraná; do sr. (Nestor) Cerveró, responsável pelo relatório que levou a presidente da República a aprovar a compra (da refinaria) de Pasadena com enormes prejuízos ao País e à Petrobras; e do sr. Alberto Youssef, o tentáculo, a chamada lavanderia desses recursos, para que possamos rapidamente ir ao fundo, ir à questão central.”

Aécio não faz parte da CPI, mas pôde falar como líder interino do PSDB no Senado. O mineiro substituiu o paulista Aloysio Nunes, que está fora do País. Governistas acusaram o tucano de “uso eleitoral” da comissão. “O candidato da oposição está muito mal nas pesquisas, e resolveu comparecer hoje”, disse o deputado Sibá Machado (PT-AC).

Embora a oposição tenha obtido apoio de parte dos deputados rebelados, o líder do PMDB na Câmara, Eduardo Cunha (RJ), se esquivou. “Os votos do PMDB não vão contar nem para a oposição nem para o governo. Vamos nos ater aos fatos.”

Na próxima semana, o PSDB vai pedir a fusão das duas CPIs da Petrobras.

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