O filho de Eduardo Coutinho, Daniel, declarado culpado pela morte do cineasta no último domingo (2), deve ser transferido ainda na tarde desta sexta-feira (7) para uma unidade da Secretaria de Administração Penitenciária do Rio de Janeiro, no município de São Gonçalo, região metropolitana do estado. De lá, ele será encaminhado a uma unidade prisional, onde deve ficar detido. Daniel, de 41 anos, teve prisão preventiva decretada pela Justiça.

O rapaz está desde quinta-feira (6) na Divisão de Homicídios da Polícia Civil, onde prestou novo depoimento. Mais uma vez, ele confessou ter matado o pai e esfaqueado a mãe, Maria das Dores Coutinho (62), e se disse arrependido do crime. Ele teve alta ontem do Hospital Miguel Couto, para onde foi levado após atacar os pais e tentar se matar a facadas.

Ainda na Divisão de Homicídios, o rapaz deve ser novamente ouvido nesta sexta para uma avaliação complementar do seu estado psicológico — vizinhos chegaram a alegar que Daniel sofria de esquizofrenia. Já na sede da Secretaria de Administração Penitenciária, em São Gonçalo, Daniel vai passar por uma triagem que decidirá em qual unidade prisional ele ficará detido.

Entenda o caso

Eduardo Coutinho, 80, morreu em seu apartamento, na Lagoa, zona sul do Rio, na manhã de domingo (2). Daniel Coutinho, filho do cineasta, é apontado como responsável pelo crime. Ele foi internado no Hospital Miguel Couto com duas facadas em seu próprio abdome. A mulher de Coutinho, Maria Oliveira Coutinho, também foi ferida e está internada.

Daniel, de 41 anos, morava com os pais e foi preso em flagrante delito. Ele será indiciado por homicídio doloso, mas um juiz decidirá quais medidas serão tomadas judicialmente, já que existe a suspeita de um quadro de esquizofrenia.

Segundo o delegado, o crime aconteceu por volta das 11h de domingo. O corpo de Coutinho foi encontrado na porta de um dos quartos do apartamento. A esposa do cineasta, que também foi ferida, teria tentado se esconder no banheiro e ligar para outro filho para pedir ajuda. Após cometer os crimes, Daniel também tentou se matar.

O delegado disse que Daniel usou duas facas de cozinha nos ataques e, logo após agredir os pais, bateu na porta de um de seus vizinhos e disse: “Eu libertei meu pai, tentei libertar a minha mãe e tentei me libertar”. Os bombeiros foram chamados pelo porteiro do prédio e, quando chegaram, Daniel abriu a porta do apartamento, sem demonstrar resistência à entrada deles.

Coutinho recebeu as últimas homenagens de amigos e admiradores no cemitério São João Batista, no Rio, antes de ser enterrado no mesmo local. Passaram pelo velório do documentarista personalidades da cultura como o produtor Luiz Carlos Barreto, o documentarista e jornalista João Moreira Salles, o ator Lázaro Ramos, a cantora Adriana Calcanhoto, o ator Paulo José, a atriz Camila Morgado, o diretor de fotografia Walter Carvalho e o poeta Ferreira Gullar, além de personagens retratados em seus documentários “Edifício Master” e “Babilônia 2000”.