Ex-integrantes relembram 26 anos do Clube de Ciências Paiaguás, pioneiro em MS
Há 26 anos Campo Grande ganhava um dos primeiros clubes de ciências do Brasil, com adeptos e sede em uma escola pública. Até hoje os ex-integrantes se lembram com carinho dos anos de convivência e das experiências que desenvolveram juntos. Alguns viraram pesquisadores, outros não. Mas, todos reconhecem que tiveram a vida profissional marcadas pelo Clube […]
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Há 26 anos Campo Grande ganhava um dos primeiros clubes de ciências do Brasil, com adeptos e sede em uma escola pública. Até hoje os ex-integrantes se lembram com carinho dos anos de convivência e das experiências que desenvolveram juntos. Alguns viraram pesquisadores, outros não. Mas, todos reconhecem que tiveram a vida profissional marcadas pelo Clube de Ciências e Cultura Paiaguás (CCCP).
“Era 1995, e desenvolvi projeto com um grupo de crianças surdas. Depois, já formada, vim trabalhar na ONG GIRA Solidário – Promoção e Defesa da Infância e Adolescência. Ou seja, foi ali que a minha vocação despertou”, lembra a jornalista e professora, mestre em estudos de linguagem, Juliana Feliz.
“Hoje sou professor e posso dizer que grande parte de minha inspiração para a atual profissão se deu através das experiências vividas no Clube de Ciências. Ele inspirava os jovens. Pense. Nós largávamos nossa família aos finais de semana para ir ao encontro, em dias frios ou chuvosos”, lembra o hoje professor do Claretiano Centro Universitário, Arildo Pinho.
De Campo Grande para São Paulo, o integrante Ary Potyguara se tornou professor de Artes na empresa Colégio Integrado Diadema SC Ltda “e foi por causa do curso, te falo asseguradamente”, disse em rápida entrevista, pois estava entre aulas.
Outros nomes, alguns conhecidos por aqui, outros internacionalmente, como a renomada pesquisadora em neurociência, doutora Letícia Oliveira, professora na UFF (Universidade Federal Fluminense) e a doutora em Química pela UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul) Luzinátia Ramos também trilharam carreira de sucesso a partir do clube, onde ficavam até entrar na faculdade.
O idealizador dessa ideia tinha apenas 20 anos de idade. À época, o recém formado professor Ivo Leite Filho foi dar aulas na Escola Estadual Arlindo de Andrade Gomes, na região da Júlio de Castilhos, em Campo Grande, e encontrou um celeiro de alunos com vocações e disposição que deviam ser exploradas além do horário regular em salas de aula.
“A ideia de criar um grupo de ciências era antiga e eu enxerguei neles pessoas que tinham que produzir um projeto de pesquisa em áreas que tinham afinidade para eles mesmos se beneficiarem com isso. Eu sabia que eles teriam excelência naquilo, e eu sentia que eles adoravam”, lembra o professor, hoje Doutor em Educação pela USP (Universidade de São Paulo).
Eles se reuniam sábado de manhã em uma salinha de dois por um metro de área. “Éramos como uma família. Era uma atividade que nós amávamos participar”, lembra Juliana Feliz.
“Era um pequeno banheiro desativado, mas nem isso importava. O trabalho desempenhado pelo professor Ivo inspirou muitas pessoas a desmistificar o lado científico da escola”, pontua Arildo Pinho.
Tamanha familiaridade com o grupo fez com que a experiência do CCCP se tornasse um projeto ousado, reconhecido nacionalmente. “depois do clube fui trabalhar no MEC (Ministério da Educação) e, visitando as escolas pelo país, vi que o nosso clube era conhecido, aas pessoas sabiam dele”, diz.
Ivo conta que hoje, ao olhar para trás, vê que a experiência ousada foi além até mesmo do que ele imaginava. “São 64 publicações, sendo quatro ou cinco artigos e resumos publicados em congressos científicos. Levei meus alunos para a SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência), crianças com 10, 12 anos de idade… e depois eles criaram a SBPC Jovem. Imagine o meu orgulho”, recorda o professor.
Isso foi no ano de 1989, e o professor levou cerca de 20 alunos para Fortaleza – CE, “o pessoal perguntava o que iam fazer com eles, afinal eram crianças. Mas foi uma experiência incrível. Em 2005 voltei lá para outro congresso e vieram me contar a história do ‘incrível professor que levou crianças pesquisadoras para a SBPC’, e aí eu revelei que esse professor era eu”, lembra entre risadas.
O CCCP teve também viagens internacionais, onde a hoje professora em Jornalismo, Inara Silva, foi junto com outros integrantes do grupo para o Canadá participar de uma feira de ciências internacional. “O trabalho era sobre jovens que viviam na região da escola, e foi muito bem recebido”, lembra.
O projeto do clube terminou em 2003, já sob coordenação da professora Alda de Souza, pois o professor Ivo estava fora do Brasil. “Hoje dou aula no mesmo local onde me formei, no Instituto de Química da UFMS, mas o que gosto mesmo é trabalhar com jovens, por isso criei o “Farol das Ciências”, explica.
O Farol da Ciências é atualmente uma empresa de Assessoria científico-Educacional que está em processo de formalização junto aos órgãos fiscais, porém faz parte de uma área de atuação do remanescente do Clube de Ciências e Cultura Paiaguás. Ele está em via de se tornar também um Instituto de Pesquisa.
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