Em decisão, juiz eleitoral aplica ‘sermão’ em candidatos e critica tom de campanhas
A troca de acusações entre candidatos durante a campanha política desagradou a Justiça Eleitoral a ponto de, em uma decisão, um juiz dar uma espécie de sermão nos políticos. Na visão do magistrado, o que se viu durante a disputa foi “uma total violência ao eleitor e aos princípios republicanos deste País afetando, sobremaneira, o […]
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A troca de acusações entre candidatos durante a campanha política desagradou a Justiça Eleitoral a ponto de, em uma decisão, um juiz dar uma espécie de sermão nos políticos. Na visão do magistrado, o que se viu durante a disputa foi “uma total violência ao eleitor e aos princípios republicanos deste País afetando, sobremaneira, o sistema democrático”.
O texto é do juiz eleitoral auxiliar e desembargador Romero Osme Dias Lopes, feito em decisão de representação feita pela coligação ‘Novo tempo’, liderada pelo PSDB, contra a ‘Mato Grosso do Sul com a força de todos’, do PT. Os tucanos pediram direito de resposta aos petistas por conta de supostas ofensas feitas, inclusive, em exercício de outro direito de resposta.
No mérito, o magistrado negou o pedido. Não sem antes passar quase toda a decisão discorrendo sobre o “denuncismo uns contra os outros, com apresentação mínima de propostas concretas sobre o que deve ser feito e o que não deve ser feito em benefício da sociedade”.
O juiz avalia como mau exemplo o ato dos candidatos. “Se as próprias instituições que pretendem exercer o poder não observam a contento as regras e as normas jurídicas, o que se pode esperar dos demais?”.
“Daí, porque há, por parte do eleitorado e dos que não participam desse jogo, um manifesto repúdio e descrédito em relação a tudo que está acontecendo no país”, relata o desembargador.
E continua: “se neste segundo turno o candidato representado (Delcídio do Amaral) teve pouco tempo de veiculação de sua propaganda eleitoral no horário eleitoral gratuito, nas emissoras de rádio e televisão, simplesmente por aplicação de penalidades por irregularidades diversas, sem limites de ofensas e abusos, no primeiro turno o candidato representante (Reinaldo Azambuja) também passou por situação jurídica semelhante”.
A decisão com o sermão de Romero Osme Dias Lopes foi publicada no domingo (26) no mural eletrônico da Justiça Eleitoral. Mesmo dia da votação que encerrou as eleições deste ano, com a vitória de Azambuja.
Restou, ainda, crítica aberta ao atual sistema eleitoral e a aos políticos, de forma geral. “O que se vê, lamentavelmente neste pleito – e aqui não vai nenhuma crítica aos fatos narrados nesta ação, pois eles se repetiram ad nausean –, é que o próprio regime democrático está se desgastando perante a população. Pessoas que não possuem nenhuma qualidade especial podem se candidatar. Mas, e no poder? Como elas se comportarão? Com a mesma falta de bom senso com que subiram? Continuarão se digladiando com ofensas pessoais e sem ética?”.
Clique aqui para ler, na íntegra, a decisão.
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