Dupla que pichou estátua de Zumbi pede desculpas: ‘É uma adrenalina’
Os dois homens que picharam o monumento a Zumbi dos Palmares neste domingo (19) pediram desculpas à comunidade negra após prestarem depoimento na Cidade da Polícia, em Bonsucesso, Subúrbio do Rio, na tarde desta terça-feira (21). Eles disseram não saber o que a suástica representa, o que é nazismo – apenas têm conhecimento de que […]
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Os dois homens que picharam o monumento a Zumbi dos Palmares neste domingo (19) pediram desculpas à comunidade negra após prestarem depoimento na Cidade da Polícia, em Bonsucesso, Subúrbio do Rio, na tarde desta terça-feira (21). Eles disseram não saber o que a suástica representa, o que é nazismo – apenas têm conhecimento de que “[os nazistas] mataram muita gente” – e que conhecem Zumbi dos Palmares “por ser um cara gente boa”.
“Estamos arrependidos, foi um lance de momento. A suástica no meio dos pichadores significa rebeldia. Eu estudei pouco, não sabia o que era suástica. É uma adrenalina, e sentir essa adrenalina é inexplicável. Mas queremos pedir desculpas à comunidade negra”, disse o eletricista de automóveis Alessandro Nascimento, o “Demo”, de 30 anos, que se apresentou ao lado do marteleiro de construção civil Cláudio Henrique da Silva, de 37 anos, conhecido como “Casão”.
Cláudio também disse não ter conhecimento do que significa a suástica. De acordo com ele, a atitude não foi premeditada e não teve relação com o Dia Nacional da Consciência Negra, comemorado no dia 20 de novembro e que tem como símbolo Zumbi, o último grande líder quilombola e ícone da resistência negra à escravidão, no período colonial, no século 17. “Na verdade não existem grupos, esse lance é individual. Nós somos negros, não teve a ver com raça. Não tivemos pretensão de atingir nenhuma etnia”, afirmou.
De acordo com a polícia, os dois voltarão à delegacia na terça-feira (28) e irão efetuar a limpeza de outras pichações que já fizeram. A estátua de Zumbi já foi limpa pela prefeitura. “Se pudéssemos limpar, eu ia lá e limparia. Quero pedir desculpas a minha família e a minha filha, que é negra”, disse Alessandro.
De acordo com o delegado Fernando Reis, eles decidiram se entregar pois ficaram com medo da grande repercussão após fotos serem divulgadas pela imprensa – o G1 exibiu as imagens nesta segunda. Como não houve flagrante, eles não serão presos, mas podem pegar pena de até 10 anos e responder por pichação de monumento histórico, utilização de cruz suástica e associação criminosa, já que fazem parte de um grupo que se denomina “5 Estrelas”.
De acordo com o delegado Rodrigo Brand, da DPMA, os suspeitos já tinham passagem pela polícia pelo crime de pichação.
Cláudio e Alessandro posaram para fotos em frente à estátua pichada, mas apenas o segundo publicou as fotos na rede social, assim como uma mulher que se identifica como sua namorada, que identificou a dupla nas fotos. “Maridão e titio machucaram hoje o Zumbi dos Palmares, no Centro da cidade”, disse, na postagem.
Um usuário comentou na publicação sobre a cruz suástica. Um dos suspeitos responde que a marca é só “para chamar a atenção”. “O significado todos nós sabemos. Parafraseando um grande amigo, melhor ser um preto de atitude do que um negro limitado”, postou o suspeito de vandalizar o monumento a Zumbi dos Palmares.
O perfil do homem que não postou as imagens exibe fotos de outras pichações, supostamente feitas por ele. Em todas as imagens, o piche tem o mesmo símbolo do pintado na estátua de Zumbi dos Palmares. Segundo a polícia, a marca é chamada de “xarpi” por grupos de pichadores, rivais entre si.
“O símbolo é a marca e o (número) cinco com uma estrela é o grupo a qual eles pertencem. Já temos alguns grupos identificados”, explicou o delegado.
Vandalismo recorrente
A estátua em homenagem a Zumbi dos Palmares já foi vítima de pichação em várias outras ocasiões. Em 2013, câmeras da prefeitura flagraram por pelo menos duas vezes homens escalando o monumento para cometer o crime. Um dos casos aconteceudois dias antes do feriado de Consciência Negra, comemorado no dia 20 de novembro. Equipes da Secretaria Municipal de Conservação limparam a estátua nestes casos.
A estátua de Carlos Drummond de Andrade, na orla de Copacabana, na Zona Sul, também costuma ser vítima de pichadores. O caso mais recente aconteceu no natal de 2013. O suspeito foi identificado após ser flagrado por uma câmera da prefeitura. Ele também respondeu por pichar estátuas do jornalista Zózimo Barroso do Amaral, na Praia do Leblon, e o monumento em homenagem a Estácio de Sá, no Aterro do Flamengo, também na Zona Sul.
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