Dólar sobe quase 1% e se aproxima de R$ 2,30

O dólar subiu quase 1% nesta quinta-feira, aproximando-se de R$ 2,30, com preocupações com a crise na Ucrânia, com a economia chinesa e com eventual alta dos juros nos Estados Unidos. A moeda americana avançou 0,89%, a R$ 2,2827 na venda, tendo batido R$ 2,2875 na máxima da sessão. A divisa não terminava o dia […]

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O dólar subiu quase 1% nesta quinta-feira, aproximando-se de R$ 2,30, com preocupações com a crise na Ucrânia, com a economia chinesa e com eventual alta dos juros nos Estados Unidos.

A moeda americana avançou 0,89%, a R$ 2,2827 na venda, tendo batido R$ 2,2875 na máxima da sessão. A divisa não terminava o dia tão fortalecida desde 4 de junho, quando ficou em R$ 2,2836. Segundo dados da BM&F, o giro financeiro ficou em torno de US$ 1,5 bilhão, acima da média diária do mês passado, de US$ 1,2 bilhão.

Com exceção de alguns minutos logo após a abertura dos negócios, o dólar passou todo o dia em alta, acelerando o avanço durante a tarde. Operadores atribuíram o movimento a declarações do chanceler da Polônia, Radoslaw Sikorski, à emissora TVN24 de que a Rússia juntou forças militares na fronteira com a Ucrânia para colocar pressão sobre o país vizinho ou invadi-lo.

A crise geopolítica entre Kiev e Moscou já levou os Estados Unidos e a União Europeia a imporem sanções contra a Rússia e investidores temem que a escalada do conflito se traduza em punições ainda mais duras. “De novo, essa história de possível invasão da Ucrânia pela Rússia está causando rebuliços em todo o mundo. Foi a cereja do bolo num dia de clara valorização do dólar”, afirmou o economista da área de análise da XP Investimentos, Daniel Cunha.

A moeda americana também subia cerca de 1% frente a outras moedas emergentes, como o peso chileno e o rand sul-africano. Ajudaram neste movimento novos dados da economia chinesa, que mostraram crescimento do setor de serviços desacelerando em julho ao nível mais lento em quase nove anos.

“Há uma preocupação de que, se a China desacelerar mais, afetaria as economias emergentes, e o Brasil está dentro desse grupo de economias que têm uma relação comercial estreita com a China”, disse o estrategista-chefe do Banco Mizuho, Luciano Rostagno.

Indicadores econômicos fortes sobre o setor de serviços e a indústria dos EUA também deram impulso adicional ao dólar. Os números alimentaram especulações de que o Federal Reserve, banco central americano, pode ter margem para aumentar os juros mais cedo que o esperado, atraindo capitais atualmente aplicados em outros países, como o Brasil.

As novas encomendas de bens industriais no país subiram mais que o esperado em junho, enquanto o crescimento do setor de serviços atingiu máxima em 8 anos e meio em julho.

Nova banda?

Com o movimento dessa sessão, o dólar afastou-se ainda mais do patamar de R$ 2,25, após superar essa resistência na semana passada. Para parte dos especialistas, o piso informal que vinha sendo visto desde abril passado pode se deslocar para próximo de R$ 2,25 e mudar a banda informal.

A moeda vinha oscilando entre R$ 2,20 e R$ 2,25 desde o início de abril, com breves exceções, patamares que agradariam ao Banco Central brasileiro por não serem inflacionários e não prejudicarem as exportações. “Não adianta brigar com fundamentos: a pressão global sobre o dólar está alta demais. Não dá para manter o dólar a R$ 2,20 assim”, afirmou o operador de câmbio da corretora B&T, Marcos Trabbold.

O BC deu continuidade às suas intervenções diárias nesta sessão, vendendo a oferta total de até 4 mil swaps cambiais, que correspondem a venda futura de dólares, com volume equivalente a US$ 198,9 milhões. Todos os contratos vendidos vencem em 2 de fevereiro de 2015. Também foram ofertados swaps para 1º de junho, mas nenhum foi vendido.

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