Deputado Jean Wyllys critica pelo Facebook veto a Quinta Gospel e fala de intolerância

O deputado federal Jean Wyllys (PSOL) criticou pelo Facebook os vetos de eventos a Quinta Gospel em Campo Grande e fez alerta para a “ameaça da intolerância e do fundamentalismo para além da questão religiosa”. O deputado cutucou o prefeito Gilmar Olarte (PP), acusando-o de favorecer eventos evangélicos e não abrir espaço para outras religiões. […]

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O deputado federal Jean Wyllys (PSOL) criticou pelo Facebook os vetos de eventos a Quinta Gospel em Campo Grande e fez alerta para a “ameaça da intolerância e do fundamentalismo para além da questão religiosa”. O deputado cutucou o prefeito Gilmar Olarte (PP), acusando-o de favorecer eventos evangélicos e não abrir espaço para outras religiões.

Jean publicou sobre a polêmica nesta segunda-feira (18). A postagem teve mais de 1.600 curtidas e cerca de 500 compartilhamentos.

Confira abaixo a publicação na íntegra.

Rita Benneditto, minha grande amiga, teve sua participação vetada em um evento promovido pela Fundação Municipal de Cultura de Campo Grande, no Mato Grosso do Sul. A diretora da Cultura do município, Juliana Zorzo, evangélica declarada, afirmou que seu belíssimo Tecnomacumba não poderia fazer parte do evento chamado Quinta Gospel em resposta à sugestão recebida pelo órgão. A justificativa é que o Tecnomacumba ‘foge da proposta do evento, destinado ao público evangélico cristão’. Curiosamente, o Gospel nasce nas “black church”, a partir da apropriação afro-americana da tradição cristã protestante. Sincretismo que está presente no trabalho de Rita!

O evento, custeado pelos cofres públicos, contou com estrelas da música religiosa, título que não cabe à Rita, que é uma cantora conceituada da música popular brasileira e que, em 2003, lançou o projeto Tecnomacumba como um resgate da influência da música e das tradições dos povos de terreiro em nossa cultura. Rita reafirma a nossa identidade cultural, e seu projeto não pode ser entendido como uma forma de proselitismo religioso, como fazem Aline Barros e Fernanda Brum, por exemplo, senão por uma grande dose de desonestidade intelectual.

Este episódio nos alerta para a ameaça da intolerância e do fundamentalismo para além da questão religiosa; vemos claramente o risco à cultura e à gestão do bem público! Apesar da laicidade do Estado, o prefeito, Gilmar Olarte, e a diretora da Cultura utilizam do erário para a promoção de uma única religião – a deles, no caso -. Fato que ganha peso diante do recurso à decisão do Ministério Público que determina a abertura às outras religiões. As fala do prefeito, de que “A Quinta Gospel é dos evangélicos”, é emblemática: não há espaço nas políticas locais para nenhuma outra religião. Segundo Juliana Zorzo, quem quiser espaço deve procurar o Legislativo, para que ele produza uma lei específica!

Mesmo que Rita fosse uma cantora religiosa – e não é! -, não cabe ao governo que abre os cofres para o proselitismo evangélico determinar qual outro canto religioso pode ser apresentado em um evento público, custeado por um contingente de pessoas que não são em sua totalidade religiosas, quanto mais evangélicas. Mais uma vez, vemos o fundamentalismo intolerante tentando suplantar a Constituição. Não podemos nos calar!

Reunião

O MPE-MS (Ministério Público Estadual de Mato Grosso do Sul) está reunido neste momento com a diretora-presidente da Fundac (Fundação Municipal de Cultura), Juliana Zorzo, para discutir a polêmica a respeito da Quinta Gospel. Segundo o MPE, a reunião foi solicitada pela própria Prefeitura de Campo Grande. O objetivo, de acordo com a Fundac, é pedir orientações e tirar dúvidas com relação ao assunto.

Recentemente, a polêmica chegou à Câmara Municipal, depois que a fundação negou a participação da cantora umbandista Rita Ribeiro e do Instituto de Cultura Espírita de Mato Grosso do Sul. Depois disso, o assunto chegou ao Ministério Público, que recomendou à Prefeitura a não exclusão de grupos religiosos na Quinta Gospel.

Participam da reunião, além da presidente, a assessoria jurídica do município e um pastor, de acordo com a Fundac.

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