A presidente Cristina Kirchner disse que o governo “não vai permitir que continuem saqueando o bolso dos argentinos”. Ela falou durante mais de quarenta minutos em rede nacional de rádio e de televisão, já que a inflação é um dos principais assuntos do país.

“Um ministro da Economia sozinho não pode (conter os ajustes de preços). Temos que estar todos atentos e cuidando do bolso”, afirmou.

Com vestido na cor pérola, mais magra, ela discursou durante cerca de quarenta minutos. A rede nacional foi convocada para o anúncio de aumentos nos valores dos benefícios distribuídos pelo governo, como aposentadorias e a cesta básica de material escolar.

Ela tinha começado o discurso sugerindo que negaria os últimos aumentos de preços: “Nós realizamos aumentos, sim, de postos de trabalho, de universidades, de fábricas e de inclusão social, como no caso da área de previdência e que permite que a Argentina seja hoje o país com maior cobertura neste setor na América Latina”.

Kirchner criticou os empresários que ajustam os preços e citou como bom exemplo a seguir o caso de um homem que se recusou a comprar um produto com preço alto.

“Queremos convocar todos para que estejam atentos aos preços. E temos que fazer isso como sociedade”, disse.

Diante da plateia reunida em um dos salões da Casa Rosada – a sede da Presidência -, ela criticou um sindicalista, ali presente, que dias antes disse que “tem argentino passando fome no país como resultado da inflação”.

“Não acho que na Argentina exista gente que não tenha dinheiro para comer. Não concordo contigo, Antonio”, disse olhando para Antonio Caló, da CGT (Confederação Geral do Trabalho), definida como governista.

Dólares

A presidente informou o total de contribuintes que comprou dólares, desde a flexibilização do controle cambial, há uma semana, no fim de janeiro.

Os dados, informou, são da AFIP (equivalente a Receita Federal brasileira).

“Foram realizadas 439 mil operações autorizadas pela AFIP totalizando US$ 223 milhões. A maioria das operações foi para trabalhadores com carteira assinada”, disse.

Kirchner sugeriu que se eles têm dinheiro para comprar dólares não deveriam pagar serviços públicos subsiados pelo governo – como ocorre desde que o kirchnerismo chegou à Presidência em 2003.