Consumo de tereré dispara com onda de calor e médicos alertam para riscos à saúde
Com a onda de calor castigando os campo-grandenses, o consumo do tereré, bebida típica feita de erva-mate com água fria ou gelada, disparou. As vendas de erva aumentaram em média 20%, segundo os comerciantes, e em toda a cidade as rodas de conversa se formam para o hábito de compartilhar uma cuia e bomba. Mas, […]
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Com a onda de calor castigando os campo-grandenses, o consumo do tereré, bebida típica feita de erva-mate com água fria ou gelada, disparou. As vendas de erva aumentaram em média 20%, segundo os comerciantes, e em toda a cidade as rodas de conversa se formam para o hábito de compartilhar uma cuia e bomba.
Mas, apesar dos benefícios como a garantia de hidratação, especialistas lembram dos riscos que o uso excessivo e o compartilhamento dos utensílios usados podem trazer. Além do risco de literalmente ‘derreter’ o sódio no corpo quando água demais em curto período, muitas doenças podem ser transmitidas pela bomba compartilhada.
De acordo com a nefrologista Thais Vendas, o hábito de tomar tereré é bom, mas o ideal é que cada pessoa tenha sua própria cuia e bomba. “Eu recomendo para meus pacientes que tomar tereré faz bem para saúde, pois nesse calor é muito importante a ingestão de água, porém, esse hábito pode transmitir doenças. Se houver um surto de ebola no Brasil, será preciso suspender o consumo”, destaca.
Thais afirma que nessa época de forte calor os casos de cálculo renal aumentam. “Quando tomamos muita água os cristais se dissolvem com a ingestão de bastante água e, posteriormente, são eliminados pela urina”, conta.
A médica infectologista Gracy Pereira diz que, além do ebola, é grande a possibilidade de transmissão de herpes e de mononucleose infecciosa. “Pelo ponto de vista social é uma beleza, pois une as pessoas, mas pode sim transmitir várias doenças em virtude do compartilhamento de secreções”, frisa.
Pereira acha que a melhor opção seria usar material descartável. “Eu não tenho o costume de tomar tereré, talvez porque eu não seja daqui. Aliás, não costumo compartilhar nem mesmo batom”, acentua.
Aumento nas vendas
Segundo o comerciante Gilmar Leite, que vende erva-mate há 15 anos, as altas temperaturas causaram aumento nas vendas em torno de 20%. “Todo ano nesses dias que faz muito calor nós vendemos mais. Já nos dias de frio as vendas caem cerca de 30%”, explica.
A comerciante Valmeida Venâncio Oliveira, confirma o aumento nas vendas de erva e diz que é um movimento sazonal, ou seja, todo ano isso ocorre nos mesmos meses.
Quantidade ideal
A médica Thais Vendas afirma que a quantidade ideal de água que uma pessoa com 70 quilos pode tomar é de até 2,7 litros por dia. “Nosso corpo sabe quando ficamos saciados, contudo, em casos muito raros, quando a pessoa toma muita água, pode causar a diluição do sódio do corpo, acarretando em edema cerebral. Isso se chama polidipsia”, explica.
“Viciados em tereré”
O lavador de carros, Jonatan Vasconcelos de 33 anos, diz que toma tereré todos os dias de amanhã e à tarde. “Me considero um viciado em tereré, não fico sem tomar um dia sequer”, revela.
A estudante Bianca Sanches, de 19 anos, também toma tereré todos os dias, geralmente acompanhada. “Nesse calor eu tomo mais, mas nunca usei cuia individual, acho que perde a graça se isso um dia pegar”, diz.
Por sua vez, a autônoma Jurema Alves, de 50 anos, diz não gostar de tereré. “Eu prefiro beber água ou suco de frutas, pois não gosto do amargo da erva, sem falar que meu estômago fica estufado”, pondera.
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