Comerciantes amargam queda de 80% nas vendas após mudança na Júlio de Castilho

Após a Avenida Júlio de Castilho, região oeste de Campo Grande, passar por revitalização para melhorar o fluxo, comerciantes reclamam que movimento caiu em torno de 80% porque não é possível estacionar em alguns horários na via. De acordo com o representante comercial Neri Ferreira dos Santos, de 53 anos, morador da região há 12 […]

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Após a Avenida Júlio de Castilho, região oeste de Campo Grande, passar por revitalização para melhorar o fluxo, comerciantes reclamam que movimento caiu em torno de 80% porque não é possível estacionar em alguns horários na via.

De acordo com o representante comercial Neri Ferreira dos Santos, de 53 anos, morador da região há 12 anos, hoje à noite será realizado um encontro com comerciantes e moradores para discutirem problemas enfrentados pela população e pequenos comerciantes.

Santos explica que as reivindicações serão encaminhadas para a Prefeitura de Campo Grande com o objetivo de que as autoridades sanem os problemas. Eles pedem que retornem as rotatórias em alguns pontos, considerados críticos, como na Rua Capibaribe, Andradas e Ricardo Franco, bem como, o escoamento de água.

Os comerciantes também reivindicam o retorno do livre horário de estacionamento na avenida. Segundo o morador Edson Ferreira, de 53 anos, aeroportuário, as mudanças na via não foram tão positivas como no projeto apresentado para os moradores. Ferreira alega que com as novas regras de estacionamento ficou difícil tanto para os comerciantes como para os usuários que trafegam na via.

“Desde que eles concluíram as obras aqui na Júlio de Castilho está muito bagunçado, tem ruas que eram mão dupla e agora não são. O fluxo melhorou, mas ainda tem pontos falhos na avenida como, por exemplo, a falta de retorno em alguns pontos”, reclama.

Outra que também não está satisfeita com as mudanças, principalmente no que diz respeito ao estacionamento, é a proprietária de brechó Gerlana Cristina Modesto Fluhe, que explicou que as vendas em seu estabelecimento comercial caiu em torno de 80% em virtude de as clientes não terem vagas para estacionar na avenida.

Gerlana disse que há 4 anos que tem comércio na região e essa é a primeira vez que teve uma queda brusca nas vendas. “Não é porque aqui é brechó que as pessoas não vêm de carro, a maioria das minhas clientes tem veículo e estão desistindo de vir porque não podem estacionar na frente da loja”, ressalta.

A comerciante explicou que a restrição nos horários de estacionamento coincide com o horário de maior fluxo do comércio e prejudica as vendas. “O horário que mais precisamos é o que está proibido e isso tem prejudicado minhas vendas”, reclama.

Para o comerciante Givaldo Gonçalves de Souza, o “Giva”, de 53 anos, dono de uma loja de autopeças, a revitalização teve seus pontos positivos, mas que alguns lugares precisam ser melhorados.

Souza disse que a intenção de ampliar a via rápida em duas pistas e deixar o fluxo rápido foi boa, mas que a Prefeitura não se preocupou com os comerciantes. “Resolveu um problema só que acabou ocasionando outro e esse nos atingiu”, afirma.

O comerciante falou que não é só a questão do estacionamento que tem revoltado, mas também a falta de retorno na avenida que não existe mais depois da revitalização. “Muitas ruas que tínhamos para fazer o retorno agora são proibidas, tanto para nós comerciantes como para os usuários da Júlio é um transtorno, tem que fazer um desvio enorme para fazer um retorno”, alega.

Outro problema apontado pelo dono de autopeças é em relação à aplicação de multas que vai começar a acontecer a partir do dia 20. Ele falou que mesmo com campanha de conscientização e placas de orientação, as pessoas acabam por optar por locais proibidos para efetuar compras no comércio da região. “Semana passada um cliente meu parou rapidinho do outro lado da Júlio para comprar uma peça e quando voltou o pessoal da Agetran o advertiu. Assim as pessoas vão acabar desistindo de comprar na região com medo de serem multadas”, completa.

Souza garante que a intenção é transformar a Júlio de Castilho igual à Avenida Zahran, mas para ele isso não vai dar certo. “Querem fazer na Júlio igual fizeram na Zahran, só que não vai dar certo porque o pequeno comerciante não resistiu e fechou. E aqui não vai ser diferente e quem não tiver estacionamento vai acabar fechando as portas”, finaliza.

Outro lado

Mas não são todos que são contra as mudanças na Avenida Júlio de Castilho. Para o vendedor e morador da região Antonio Neto Alves, de 33 anos, a revitalização foi essencial para a região.

Neto disse que a avenida precisava há muito tempo de passar por mudanças e que para ele a revitalização foi positiva. O vendedor explicou que o tráfego melhorou e os carros podem circular mais rapidamente. “O fluxo melhorou muito com a abertura de duas faixas e é claro que faltam alguns ajustes como o retorno que não tem, mas fora isso está muito bom”, afirmou.

O morador explicou que com relação à reclamação dos comerciantes, a solução é buscar alternativas como estacionamentos conveniados para oferecer aos clientes. “Tudo é questão de adequação. No centro mesmo tem o mesmo problema e a população que não encontra vaga para estacionar na rua ou estaciona mais longe ou paga estacionamento. As pessoas precisam é parar de reclamar e solucionar a questão e qual o problema em estacionar vias próximas e andar um pouco mais? Não vejo mal nisso”, pontua.

Encontro

Para discutir as divergências na Avenida Júlio de Castilho os comerciantes da região vão realizar nesta terça-feira (13), às 18h, um encontro para debater as principais reivindicações e quais serão os próximos procedimentos.
Durante todo o dia um carro de som anuncia o evento e convocando os comerciantes e moradores para comparecerem. No período da tarde haverá uma panfletagem em toda a extensão da via.

O projeto de revitalização

A revitalização da Avenida Júlio de Castilho foi iniciada em 22 de agosto de 2011. Do montante da verba para as obras, 5% vieram do Pró-Transporte e 95% do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento), totalizando R$ 18 milhões.

Foram executados 13,6 km de calçadas com piso tátil; instalados 38 abrigos de ônibus; refeito o pavimento da via em toda a sua extensão (6,8 km); implantados 3,3 km de drenagem e recuperados 9,7 quilômetros de vias que servirão de alça. Foi feito o realinhamento do eixo da via; criação do canteiro central e nova iluminação pública.

Foram instalados também 18 semáforos na esquina da Júlio de Castilho com os seguintes locais: Terminal Júlio de Castilho; ruas Tupinambás, Ricardo Franco, Presidente Vargas, Otávio Mangabeira, Nicola Vitcow, Miranda, Maria Splenger, Manoel Ferreira, Leônidas de Matos/Nioaque, Itatiaia/Arisoli Ribeiro, Rua dos Andradas/Crisântemos, Dolores, Brasil Central/Guaratinga, Aero Clube, Avenida Tamandaré/Bartolomeu Dias e Capibaribe/Tordesilhas.

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