Comandante admite que excesso da PM em ato contra Copa em SP

O comandante da Polícia Militar do Estado de São Paulo, coronel Benedito Meira, admitiu nesta sexta-feira que houve excessos na conduta de PMs que agiram ontem durante os protestos contra a Copa do Mundo na zona leste da cidade. Meira se referiu ao caso de um manifestante que, nas imediações da estação de metrô Carrão, […]

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O comandante da Polícia Militar do Estado de São Paulo, coronel Benedito Meira, admitiu nesta sexta-feira que houve excessos na conduta de PMs que agiram ontem durante os protestos contra a Copa do Mundo na zona leste da cidade. Meira se referiu ao caso de um manifestante que, nas imediações da estação de metrô Carrão, teve spray de pimenta lançado nos olhos por um PM quando, desarmado, já estava imobilizado por ao menos outros três policiais.

O caso do manifestante, bem como outras situações que vieram a tona pelos veículos de imprensa –entre os quais, estilhaços de bombas que feriram quatro jornalistas, além de bombas de gás lacrimogêneo lançadas pro PMs dentro da estação de metrô Tatuapé –, constam de um inquérito policial militar aberto hoje para investigar a ação policial da véspera, na qual, de 46 detidos, cinco estão presos.

“O IPM foi instaurado para apurar todos os casos, inclusive as duas jornalistas (da CNN, feridas no braço e hospitalizadas). Sobre a apuração dos demais casos, a grande dificuldade que temos é a resistência das vítimas em querer comparecer a sessões (da Corregedoria da PM) para fazer reconhecimento”, afirmou. Indagado sobre o fato de parte dos PMs ontem estar sem a identificação visível, na lapela, o coronel definiu: “Isso depende do uniforme que o policial usa. Adotamos o RE (número de identificação) e reclamaram, mas estamos incrementando novos mecanismos. Querem o quê: que coloquemos estampado o nome (do policial) em todo o uniforme? Isso não é possível”, reclamou Meira.

Sobre o manifestante que recebeu spray de pimenta nos olhos, mesmo imobilizado, o comandante afirmou que o policia que comandou a operação na região estava próximo ao PM que usou o artefato e, por isso, “tem condições de identificá-lo”.

“Entendo que sim, houve excesso. Naquele momento, o manifestante estava desarmado e imobilizado, e o gás pimenta não era necessário. Por isso serve o IPM, mas também damos oportunidade de ampla defesa ao policial: mesmo acusado e com provas, ele tem que se defender”, afirmou o coronel.

Para o secretário estadual de Segurança Pública, Fernando Grella, “os policiais agiram corretamente”. Cauteloso, porém, não confirmou o que Meira viria a dizer depois –se referiu apenas à instauração do IPM: “Os policiais agiram corretamente, e os fatos que se cogitam de possível abuso serão tratados no IPM que o Comando já abriu”, definiu o secretário. “Mas os relatos que temos é de que polícia usou a força proporcionalmente aos eventos dos atos de violência para manter a ordem pública”.

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