Com falta de recursos e apoio para tratamento, dependentes vagam pelas ruas da cidade

Mesmo com o Plano Municipal de Enfrentamento ao Crack e Drogas e com recursos do governo federal para a construção de unidades para tratamento, é cada vez mais comum presenciar dependentes químicos vagando pelas ruas de Campo Grande. O corte de repasses a comunidades terapêuticas também ajuda a agravar o problema.

Sob a gestão da Secretaria Municipal de Saúde, as comunidades terapêuticas deixaram de receber repasses da Prefeitura em apoio ao tratamento de dependentes químicos. Um das entidades prejudicadas foi o Centro de Apoio as Dependentes em Recuperação (Cadri).

De acordo com a presidente da entidade, Marli Motta, os repasses deixaram de ser feitos no fim de 2011. “Recebíamos por meio da SAS. Mas aí nos disseram que não reconheciam mais as comunidades terapêuticas, que isso passou a ser um problema de saúde pública, não mais social”, afirmou.

A entidade existe desde 2006 e recebia cerca de R$ 2.500 mensalmente da Prefeitura. “Destinávamos esse dinheiro à alimentação. Hoje dependemos de doações e eventos”, afirma. Atualmente, o Cadri atende 30 pacientes, deste total, 11 são classificados como sociais, ou seja, recebem tratamento gratuito. Dos que podem, é cobrada uma mensalidade de R$ 700. De acordo com Marli, entre os principais problemas dos atendidos está a pasta base e o álcool.

Recursos Caps

Além do corte de verbas as entidades que tratam de dependentes químicos, a Prefeitura ainda não passou a aplicar o recurso de R$ 4 milhões que Ministério da Saúde destinou ao município para a construção unidades de tratamento. O dinheiro serviria para a construção de dois novos Centros de Atenção Psicossocial  (Caps AD) e de quatro unidades de tratamento aos dependentes de álcool e drogas.

O repasse ficou definido por meio da portaria Nº 2.495, divulgada em outubro de 2013, no Diário Oficial da União. Do total, R$ 2 milhões seriam para a construção das duas novas unidades de Caps AD e R$ 500 mil para cada uma das quatro unidades de atendimento.

A promessa era de que as duas Caps AD funcionariam 24 horas por dia, com 12 novas vagas de acolhimento noturno para cada local. As Unidades de Acolhimento contariam com 15 novas vagas, cada unidade, para acompanhamento em regime residencial do paciente. Atualmente, Campo Grande possui seis Caps,  um funciona 24 horas por dia, localizado no bairro Aero Rancho.

De acordo com a Prefeitura, até o ano passado a estimativa era de que 18% da população enfrentam o problema e 1% seja dependente de drogas como crack, cocaína e pasta base.

Assessoria de imprensa da Prefeitura afirmou que dentro do plano de enfrentamento está sendo desenvolvido o programa Consultório de Rua, além dos recursos para construção das unidades. Porém, não foi especificado se as obras já estão em andamento.