Com cofres vazios, Itália recorre a empresas para restaurar monumentos

Em tempos de crise econômica e cofres públicos vazios, cada vez mais cidades italianas recorrem a parcerias com empresas privadas para restaurar seus monumentos. Entre eles estão obras de grande valor histórico e artístico, como o Coliseu e a Fontana di Trevi, em Roma. Empresas como Prada, Fendi, Coca-Cola ou Tod’s estão assumindo um encargo […]

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Em tempos de crise econômica e cofres públicos vazios, cada vez mais cidades italianas recorrem a parcerias com empresas privadas para restaurar seus monumentos. Entre eles estão obras de grande valor histórico e artístico, como o Coliseu e a Fontana di Trevi, em Roma.

Empresas como Prada, Fendi, Coca-Cola ou Tod’s estão assumindo um encargo com o qual o estado italiano já não pode arcar devido à crise pela qual passa o país.

A reforma de monumentos históricos é custosa e, depois de dois anos de recessão contínua e cortes no orçamento público, não há dinheiro nos cofres do governo para financiar todas as obras necessárias.

A reforma que está mais em evidência é o restauro do famoso Coliseu de Roma, um verdadeiro símbolo da Itália. A empresa de moda italiana Tod’s vai gastar 25 milhões de euros (cerca de R$80 milhões) na obra, que deverá restaurar a fachada do anfiteatro romano e reconstruir o setor de entrada.

Um outro monumento romano que está sendo restaurado com dinheiro da iniciativa privada é a Fontana di Trevi, no centro da capital do país. O grupo de moda italiano Fendi está investido 2,5 milhões de euros (cerca de R$8 milhões) na conservação e limpeza da famosa fonte.

Quadros

Mas não são só monumentos famosos que lucram com o mecenato empresarial.

A marca italiana de luxo Prada está financiando com uma soma não revelada a restauração do quadro “A Última Ceia”, do pintor italiano Giorgio Vasari. A grande tela, que mede 2,60 metros de comprimento por 6,60 metros de largura, ficou horas debaixo d’água quando a cidade de Florença foi inundada, em 1966.

Marco Ciatti, diretor da famosa oficina de restauro Opificio delle Pietre Dure em Florença, explicou que a obra não poderia ser restaurada sem o patrocínio de uma empresa. Segundo ele, o valor da recuperação da obra é muito alto e os recursos públicos são cada vez mais limitados.

Seu sonho é expor a pintura em 2016, nos 50 anos da inundação da cidade.

Entre os outros monumentos italianos que estão recebendo fundos da iniciativa privada estão a famosa ponte do Rialto em Veneza, a histórica Galleria Vittorio Emanuele II em Milão e a abadia Santa Maria di Cerrate, em Lecce.

Mas há quem critique o papel de mecenas das empresas privadas.

A reforma do Coliseu, por exemplo, foi acompanhada de protestos pelo fato da Tod’s receber em troca o direito de publicar a imagem do monumento em seus anúncios. A associação italiana de consumidores Codacons chegou a tentar impedir a restauração no tribunal, sem sucesso.

Para o prefeito da cidade de Roma, Ignazio Marino, o mecenato é um “meio legítimo” de conseguir fundos para obras de restauro e recuperação.

Durante o Fórum Econômico Mundial em Davos, na Suíça, o prefeito conversou com o presidente mundial da Coca-Cola, Muhtar Kent, que prometeu destinar fundos às obras arqueológicas de Roma.

Agora Marino quer criar uma fundação junto com a empresa de consultoria McKinsey para arrecadar fundos da iniciativa privada em todo o mundo.

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