Bancos reduzem crédito a veículos

Os grandes bancos seguiram reduzindo suas carteiras de crédito a veículos no primeiro trimestre deste ano e podem voltar a expandi-las apenas em 2015 a despeito das medidas de estímulo em estudo pelo governo para impulsionar o volume de empréstimos. O pacote de flexibilizações é visto com bons olhos pelo setor embora algumas instituições já […]

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Os grandes bancos seguiram reduzindo suas carteiras de crédito a veículos no primeiro trimestre deste ano e podem voltar a expandi-las apenas em 2015 a despeito das medidas de estímulo em estudo pelo governo para impulsionar o volume de empréstimos. O pacote de flexibilizações é visto com bons olhos pelo setor embora algumas instituições já tenham demonstrado que não devem mudar seu apetite neste segmento.

O banco que mais tem restringido a oferta de crédito para a compra de veículos é o Itaú Unibanco. A instituição, que chegou a ter uma carteira de R$ 60 bilhões no passado, registrou queda de 23,6% neste segmento no primeiro trimestre ante um ano, para R$ 37 bilhões. Apesar disso, o banco foi líder em concessão de empréstimos 0km no primeiro trimestre, quanto o prazo médio da carteira ficou em 39 meses e o porcentual médio de entrada subiu para 40%, o maior desde junho de 2011, quando estava em 28%.

A postura do banco está em linha com a sua estratégia de emprestar em áreas de menor risco. O aperto nas condições de crédito têm sido adotado pelos grandes bancos em geral após o estrago que as linhas sem entrada e de 90 meses, gerou nos calotes. Philip Finch, Frederic De Mariz e Mariana Taddeo, do UBS, atentam, em relatório ao mercado esta semana, que os empréstimos foram os principais fatores que contribuíram para o aumento da inadimplência, que começou em 2011, com um pico em julho de 2012, de 7,23%.

Em março último, conforme eles, os calotes, considerando os atrasos acima de 90 dias, chegaram a 5,04%, indicador menor, mas ainda bem acima do mínimo histórico de 3,66% em março de 2011.

Ao emprestar menos em veículos, o Itaú vem postergando o ponto de inflexão, quando a originação de cada mês superar os créditos vencidos, da carteira que se arrasta desde o primeiro semestre de 2013. De acordo com Marcelo Kopel, da área de relações com investidores da instituição, o banco espera voltar a crescê-la apenas em 2015.

— Nosso apetite de risco é dado. Medidas do governo podem desonerar, mas não mudam nosso apetite de risco.

Em recente conversa com a imprensa, ele explicou que a retomada do bem é extremamente onerosa e demorada e que é um custo para o sistema.

— Otimizar isso de alguma forma pode ser benéfico para todos.

As medidas em estudo pelo governo, conforme antecipou o Broadcast, no mês passado, incluem a retomada mais rápida do veículo pelo banco em caso de inadimplência e a flexibilização do crédito para operações de até 60 meses, nas quais os bancos têm de provisionar 75% do valor dos empréstimos. Também estão na pauta estímulos para uma menor entrada na compra de um carro e a criação de um fundo garantidor, com aportes das instituições financeiras, que deve complementar as garantias dos clientes.

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Os bancos querem, segundo uma fonte de mercado, flexibilização no compulsório do financiamento a veículos. Em 2012, o governo alterou as regras de recolhimento compulsório dos bancos para atender exclusivamente o setor automotivo. Entretanto, agora, o pedido pode não ser atendido, conforme a mesma fonte. A dificuldade de atender as solicitações do setor automotivo e dos bancos postergaram para este mês o anúncio das medidas.

Nesta semana, o presidente da Febraban (Federação Brasileira dos Bancos), Murilo Portugal, reuniu-se com o secretário-executivo do ministério da Fazenda, Paulo Caffarelli, para discutir as propostas. Pouco antes, Caffarelli recebeu o presidente da Anfavea (Associação Nacional de Veículos Automotores), Luiz Moan, para debater as medidas. Várias propostas estão sendo estudadas, mas o governo não tem conseguido finalizá-las no tempo esperado.

O Bradesco admite que ainda tem feito ajustes na sua carteira de crédito a veículos e espera que a mesma volte a crescer até o final deste ano. Os empréstimos para este fim somaram R$ 26 bilhões nos três primeiros meses do ano, queda de 13,6% em 12 meses. Segundo Luiz Carlos Trabuco Cappi, presidente do Bradesco, em entrevista ao Broadcast na semana passada, qualquer melhora por parte de medidas que incentivem o setor é bem-vinda.

O Santander foi o único banco que elevou os empréstimos neste segmento. A carteira total de veículos para pessoa física da instituição, que inclui as operações realizadas através de correspondentes bancários e pela rede agências, teve alta de 2,9% em doze meses, para R$ 34 bilhões. Em contrapartida, foi o único banco a elevar os calotes no período.

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Entre os bancos estatais, o Banco do Brasil reduziu sua carteira em mais de 4% no primeiro trimestre, para cerca de R$ 35 bilhões ante um ano. Segundo Ivan de Souza Monteiro, vice-presidente de Gestão Financeira e de Relações com Investidores da instituição, a queda na oferta de crédito a veículos é uma questão de demanda. Sobre as medidas em estudo pelo governo para estimular o segmento, ele afirmou, em conversa com a imprensa, que qualquer medida que diminua o custo operacional e melhore a relação comercial entre banco e consumidor é “sempre muito bem-vinda e ajuda”.

Monteiro lembrou que a estratégia do BB é emprestar neste segmento para clientes da instituição, o que diminui o risco de calotes. Ele disse ainda que fora das agências a oferta de recursos do BB para a compra de veículos é feita via o Votorantim. O mesmo molde é adotado pela Caixa Econômica Federal. Recentemente, o banco anunciou em parceria com o Pan (ex-Panamericano) para ofertar crédito a veículos.

A Caixa financiou no ano passado a compra de mais de 98 mil veículos, considerando apenas as operações feitas nas agências. Somando com os contratos firmados pelo Banco Pan, a carteira ultrapassou os R$ 8,6 bilhões em 2013. Jorge Hereda, presidente da Caixa, disse em entrevista recente à imprensa que o banco tem apenas 10% da carteira de crédito a veículos do mercado e a parceria com o Pan é importante.

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