300 dias depois, morte de jovem em clínica de luxo de Campo Grande continua sem explicação
O rapaz foi ‘socorrido’ já em estado de rigidez cadavérica, sinal de que estaria morto havia horas. Família desconfia de negligência e diz que clínica teria ‘transportado cadáver’ para supostamente acobertar condições da morte.
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O rapaz foi ‘socorrido’ já em estado de rigidez cadavérica, sinal de que estaria morto havia horas. Família desconfia de negligência e diz que clínica teria ‘transportado cadáver’ para supostamente acobertar condições da morte.
A morte de Rafael Guimarães de Oliveira, em 21 de abril de 2013, continua um mistério para a família e até para a polícia. Dependente químico, ele morreu em uma clínica de luxo de Campo Grande onde deveria ficar até ser levado para tratamento de reabilitação em Três Lagoas.
Até agora, passados quase 300 dias da morte, a Polícia Civil ainda não concluiu o inquérito e não houve indiciamentos. As versões iniciais sobre as circunstâncias da morte divulgadas na época pela Clínica Carandá foram contestadas pela família.
Parentes desconfiam de negligência médica e dizem que o corpo do rapaz teria sido removido já morto da Clínica Carandá para outro hospital da cidade. A reportagem entrou em contato com o pai, Paulo Sérgio de Oliveira, que disse continuar à espera de respostas.
“Sempre que vou à delegacia me dizem que estão finalizando o inquérito, só quero saber o que causou a morte do meu filho”, afirma. Segundo o pai, o rapaz não tinha nenhuma doença e estava na clínica apenas para fazer exames que seriam apresentados na clínica de desintoxicação para onde iria.
No dia da morte, Rafael foi removido da Clínica Carandá para o Hospital Miguel Couto. A entrada do hospital foi detalhada como parada cardiorrespiratória e há registros de rigidez cadavérica. Segundo o pai, seria indício de que o filho já havia morrido algum tempo antes de ser transferido.
Segundo a família, Rafael tentou fugir da clínica porque não estavam fazendo os exames e só recebia medicamentos. A família afirma que ele sofreu negligência da instituição. “Meu filho estava lá apenas para realizar exames, fui bem claro que ele não seria tratado ali, então não consigo entender porque meu filho estava sendo medicado”, ressalta o pai.
Conforme o delegado responsável pelo caso, Dimitri Palhano, titular do 3° DP, o inquérito ainda não foi concluído porque é necessário ouvir todos os envolvidos que estavam no dia em que o jovem morreu para apontar os culpados.
O delegado explicou que casos como esses são criteriosos e demorados. “É preciso analisar bem os fatos e ouvir os envolvidos. É melhor demorar e apontar o acusado do que fazer uma apuração rápida e não chegar ao responsável”, justifica.
De acordo com o delegado, a investigação não está demorada, está dentro da normalidade porque são muitas pessoas envolvidas. Além disso, muitos depoimentos não coincidiram e foi necessário fazer uma acareação para confrontar algumas informações.
Outro problema apontado pelo delegado foi na demora da elaboração do laudo. Consta no laudo feito pelo Imol (Instituto Médico e Odontológico Legal) que a causa da morte do jovem foi ‘asfixia por bloqueio da traqueia’.
Segundo Palhano, o jovem provavelmente foi medicado , alimentado e se engasgou ao dormir . Para o delegado, a culpa cabe a algum profissional, enfermeiro ou estagiário, que devia estar fazendo o acompanhamento do jovem.
O delegado explicou também que, em relação à suspeita da família de que o rapaz teria morrido havia horas quando foi ‘socorrido’, o policial diz que está estudando o caso e que já solicitou ao Conselho Regional de Medicina (CRM-MS) e Sindicato dos Enfermeiros qual é a responsabilidade de cada profissional para saber quem não realizou o acompanhamento.
“Quero saber das responsabilidades em relação ao paciente internado e quanto tempo uma pessoa pode ficar sem que um profissional venha ver como está seu estado de saúde”, esclarece. O delegado relatou que, para um corpo ficar no estado de rigidez cadavérica, demora pelos menos umas quatro horas após a morte.
O delegado disse que, como o jovem deu entrada no Hospital Miguel Couto já com rigidez cadavérica, na clínica nenhum profissional observou que ele já estava morto. “Queremos atribuir a responsabilidade para alguém, mas para isso preciso ter informações técnicas sobre o assunto para poder anexar no inquérito”, observa.
Palhano ressaltou que o caso é muito criterioso porque envolve muitas pessoas e muitas delas já não trabalham na clínica e precisam ser localizadas. Vários profissionais como médicos, enfermeiros, estagiários e atendentes já foram ouvidos.
Segundo o delegado, a demora ficou por conta que cada oitiva realizada, alguns detalhes não coincidiram e as pessoas tiveram que ser convocadas novamente para confrontar as informações.
De acordo com o delegado, faltam apenas duas oitivas e duas pessoas para serem ouvidas que estavam presentes no dia da morte de Rafael. “Estamos na fase final e queremos identificar o responsável pela morte do jovem”, finaliza.
Para Palhano, até meados de março o inquérito será concluído com os responsáveis indiciados.
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