Vilas resistem à urbanização no centro de Campo Grande com charme e lembranças
Em tempos de urbanização embalada pelo ‘Minha Casa, Minha Vida’, resistem no centro de Campo Grande, despercebidas aos olhos de muitos, antigas vilas que reúnem casas e pontos comerciais. É um jeito de morar que fez sucesso no passado e ganhou contornos de nostalgia na capital sul-mato-grossense. Bem diferente dos “cortiços”, as vilas que resistem […]
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Em tempos de urbanização embalada pelo ‘Minha Casa, Minha Vida’, resistem no centro de Campo Grande, despercebidas aos olhos de muitos, antigas vilas que reúnem casas e pontos comerciais. É um jeito de morar que fez sucesso no passado e ganhou contornos de nostalgia na capital sul-mato-grossense.
Bem diferente dos “cortiços”, as vilas que resistem atualmente na região central possuem certo charme. Algumas são coloridas, como a Vila Kabad na Rua 26 de agosto. Com oito casas, dois pontos comerciais e um sobrado, o local foi feito pela família Kabad em 1954.
“Meus pais construíram aqui para usufruir dos aluguéis durante a vida. Eu já tive uma lanchonete em uma das lojas e meu irmão outro comércio ao lado. Muitos inquilinos eram militares, trabalhadores dos cartórios do centro, eles ficam em média dez anos conosco”, conta Jamile Kabad, 62 anos, autônoma.
Para ela não há lugar melhor, pela facilidade de se morar no Centro da cidade. “Compensa ir mais a pé do que de carro. A segurança do portão para dentro é garantida, mas quando a gente sai ainda vê muita coisa ruim”, lamenta.
Jamile conta que nestes mais de 50 anos morando no mesmo local muita coisa mudou na Capital. “Antes a gente saia e encontrava e conhecia todo mundo. Agora não conhecemos ninguém. Os inquilinos também mudaram, agora não deixamos mais cachorros e preferimos os idosos ou pessoas solteiras para não ter brigas”, garante.
Quem também não troca onde mora é aposentada Geni Monferdini, de 93 anos. Há 45 anos ela moradora na Vila Santa Maria, na Rua Antônio Maria Coelho e explica que ainda é muito feliz por morar lá, apesar de não ter mais o marido, já falecido, ou os filhos dividindo o mesmo teto.
“Não tenho dúvida que tenho boa saúde também por morar aqui. É pequeno, mas tenho quintal, dá para por carro, não tenho problema com vizinhos e compramos aqui muito barato”, relembrou. Ela também cita a segurança e a vantagem de morar próximo das lojas no Centro.
Já dona Glaucia Brito, de 78 anos, mora há 23 em um conjunto de sete casas geminadas na atual Via Morena. Antes no local havia apenas o trilho do trem. “Era muito legal quando o trem quebrava e eu ficava a noite toda dando café para os maquinistas”, brinca.
Além desta inusitada vantagem, como ela encarava o trem ao lado, hoje há a desvantagem do barulho dos carros. “O trem passava sempre, mas eu sentava na mureta e ficava olhando, adorava. Hoje tem os carros e o barulho, mas acho que eu já acostumei”, afirma.
Segurança e facilidade de ir ao Centro e ao Mercadão Municipal, que fica ao lado, também são coisas que Glaucia não troca. “Quando entrei pagava aluguel de 25 cruzeiros, hoje pago R$ 210,00. É bom demais aqui”, conclui.
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