Superfaturamento de medicamentos pode ter sido rotina na gestão do ex-prefeito Nelsinho
Em 2013, só em um produto, planilha indica que foi possível comprar um milhão de unidades a mais que antes, com economia que beirou R$ 100 mil.
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Em 2013, só em um produto, planilha indica que foi possível comprar um milhão de unidades a mais que antes, com economia que beirou R$ 100 mil.
Planilhas com novas tomadas de preços e pregões da Secretaria Municipal de Saúde (Sesau) da prefeitura de Campo Grande indicam que, possivelmente, haveria prática constante de superfaturamento de medicamentos na administração do ex-prefeito Nelsinho Trad Filho.
Os números do levantamento da Sesau demonstram que os novos pregões de 2013, da gestão do prefeito Alcides Bernal, permitem a compra de um volume maior de medicamentos para o SUS da capital, com gastos bem menores. E muitos fornecedores são os mesmos da gestão anterior.
Um exemplo é o processo 9347-2013-51, PAM 114-2013. A planilha fez a comparação dos custos atuais com pregões de última hora do final do ano passado, e cancelados, trazendo uma listagem de produtos, preços unitários, quantidades compradas e o gasto total por tipo de medicamento.
Por exemplo:
Em 2012, o produto Lidocaína 2% geleia bisnaga 30 g, teve preço unitário de R$2,40 para uma quantidade de 10.100 unidades, ao custo total de R$ R$ 24.240,00.
Em 2013, o mesmo produto teve preço unitário de R$ R$ 1,18, portanto menos da metade. Com isso, foi possível adquirir 12.625 unidades ao custo de R$ 14.897,50 -quase R$ 10 mil a menos.
Outro exemplo foi a Morfina 10 mg, ampola de 1 ml. Antes, o preço unitário era de R$ 1,86, para uma quantidade de 5.200 unidades, com um custo total de R$ 9.672,00. Em 2013, o mesmo produto foi comprado por um preço unitário de R$ 0,59, numa quantidade de 6.500 unidades, ao custo de R$ R$ 3.835,00.
Mais produtos por um preço final três vezes inferior, com economia de quase R$ 6 mil.
O mesmo fato ocorreu com o medicamento Travaprost 0,04, solução oftálmica, frasco com 2,5 ml. Nesse caso, o preço unitário em 2012 foi de R$ 31,02 para uma quantidade de 9.100 unidades, ao custo de R$ 282.2 mil.
Nesse ano, o Travaprost saiu por quase a metade: R$ 19,9 a unidade, com custo total de R$226.8 mil. A diferença de preço total foi de R$ 55.4 mil a menos, mas a quantidade foi maior, 11.375 unidades.
Há casos de pequenas diferenças de preços, mas é preciso levar em conta que os medicamentos sofreram reajuste de 3 a 6% este ano, em média.
Nos produtos comprados em grandes quantidades, a diferença passa a ser significativa, levando-se em conta a imensa quantidade de medicamentos adquiridos para a rede PAM em Campo Grande, bancada pelo SUS.
Este é o caso da Amitriptilina 25 mg. No final de 2012, o pregão da Sesau resultou em preço unitário de R$ 0,11 e uma quantidade de 5.250.000 unidades, ao custo de R$ 598.500 mil.
Em 2013, a nova administração da Sesau comprou o mesmo medicamento por R$ 0,07 a unidade. Dessa forma, a quantidade aumentou para 6.565.000, com um gasto de R$ 498.940 mil. Só nesse caso, foram mais 1.315.000 de unidades, mas a diferença de preços foi de R$ 99.560 mil a menos.
A economia de custos da aquisição de medicamentos significa que mais usuários do SUS são atendidos na rede da prefeitura de Campo Grande.
Empresa citada na Operação Uragano faturou alto
Citada pelo ex-deputado Ari Rigo (PSDB) ao jornalista Eleandro Passaia, em gravação feita pela Polícia Federal, na qual o ex-parlamentar explicava os negócios envolvendo a empresa em esquemas ligados ao ex-prefeito Ari Artuzi, a Cirumed faturou alto na gestão de Nelsinho.
Somente no ano passado, a Cirumed faturou R$ 3.758 milhões. Houve compras da Sesau nos anos anteriores.
Em apenas um dos medicamentos comprados da empresa pela Sesau – tiras de reagente para glicemia – a diferença de preços a maior, em relação a 2013, foi de 120%. A compra de um único lote saiu por R$ 381 mil, mas poderia ter custado menos da metade.
A mesma empresa forneceu grandes quantidades de todos os materiais usados pela rede da Sesau: cateter, coletor de urina, bota elástica, espátula, divã, fio de nylon, máscara, agulha, lençol, seringa, esparadrapo, termômetro e outros produtos que não fabrica, mas faz a intermediação das vendas.
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