Sorteio da Copa do Mundo expõe a europeus os “perrengues” do Brasil
Ponto de partida da Copa do Mundo de 2014, o sorteio da competição mostrou aos europeus o tamanho do desafio que terão a enfrentar em uma competição no Brasil. Encararam nos últimos dias os atrasos dos estádios, o calor, as longas viagens e o fuso horário. O suficiente para perceber os perrengues que se ensaiam […]
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Ponto de partida da Copa do Mundo de 2014, o sorteio da competição mostrou aos europeus o tamanho do desafio que terão a enfrentar em uma competição no Brasil. Encararam nos últimos dias os atrasos dos estádios, o calor, as longas viagens e o fuso horário. O suficiente para perceber os perrengues que se ensaiam no Mundial.
Logo na chegada, a Costa do Sauipe derretia cartolas estressados dentro de seus ternos europeus. Era com a gravata apertada sob o sol que Jérôme Valcke, secretário-geral da Fifa (Federação Internacional de Futebol), explicava que não falaria sobre o Itaquerão, atingido por um acidente, a não ser em entrevistas oficiais. Fumava e admitia o clima tenso.
De reuniões e da vistoria ao estádio, saíram prazos para as conclusões das arenas. Das seis em construção, quatro estouravam a data-limite: Arena da Baixada, Beira-Rio, Cuiabá e Itaquerão, este último repetindo o maior atraso de um estádio de abertura, como o Soccer City. Até a Deus o presidente da Fifa, Joseph Blatter, recorria para pedir uma arena pronta.
Quando as cidades-sede foram se exibir a jornalistas estrangeiros, o que menos se viu foram projetos de desenvolvimento ou cronograma de estádio. Mato Grosso mostrou uma foto de sua Arena Pantanal, prevista para fevereiro, e repórteres japoneses riram. Representantes de Curitiba não apareceram: o governo alegou que teria de gastar R$ 4 mil.
Mas não acabava aí. Chegou a hora de sortear as bolinhas e decidir quem iria atravessar o país continental. A Alemanha e a Inglaterra pegaram trajetos complicados: a primeira com dois jogos ao sol das 13h do Nordeste; a segunda, com a úmida e quente Manaus.
Houve um clima de animosidade entre a cidade amazônica e o técnico inglês Roy Hodgson. Mas os britânicos vivem a contradição de tentar fugir do calor e, ao mesmo tempo, pedir para que o jogo com a Itália, no meio da floresta, seja mais cedo para agradar seus torcedores e sua televisão. Os EUA terão de viajar mais do que todas as outras seleções.
Longe da Europa, é hora de a Fifa mexer na tabela para agradar às parceiras TVs. É sempre assim em Copas. Mas, desta vez, terá de se mexer em um cronograma que teve 56 versões até agora. Tudo para atender as características do país gigante e afastado do centro europeu.
Para entender cada uma das regiões, jornalistas estrangeiros começam, neste sábado, a viajar pelo Brasil para visitar as seis cidades-sede cujas obras ainda não estão prontas. Já há um pedido do tablóide “The Sun” para visitar Manaus e seu prefeito Arthur Virgílio.
Vão ter a oportunidade de conhecer o Brasil “multicultural e empreendedor”, citado pela presidente da República Dilma Rousseff. Ou vão ter a oportunidade também de ver o perrengue que é se virar em um país tão diverso.
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