São Paulo teve a Virada Cultural mais violenta
Arrastões, roubos, brigas, uso de drogas, fechamento de estações de metrô e o mais grave: dois mortos (um a tiros e outro, por overdose), cinco baleados e pelo menos dois esfaqueados. São Paulo registrou no fim de semana a Virada Cultural mais violenta desde sua primeira edição, em 2005. Os crimes se concentraram entre 2h […]
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Arrastões, roubos, brigas, uso de drogas, fechamento de estações de metrô e o mais grave: dois mortos (um a tiros e outro, por overdose), cinco baleados e pelo menos dois esfaqueados. São Paulo registrou no fim de semana a Virada Cultural mais violenta desde sua primeira edição, em 2005. Os crimes se concentraram entre 2h e 5h do domingo, 19, e causaram cenas de terror, como a do jovem esfaqueado na região do Viaduto do Chá. Ao todo, 28 adultos foram presos, 9 adolescentes acabaram apreendidos e 1.800 pessoas tiveram de ser atendidas por excesso de consumo de álcool.
Prefeitura e Polícia Militar admitiram o recorde de violência na Virada deste ano e atribuem os problemas ao “aumento da quantidade de pessoas dispostas a roubar”. “O comportamento das pessoas muda. Pessoas que não vinham vieram (à Virada, no centro) com propósitos diferentes”, disse o prefeito Fernando Haddad (PT), ao comentar os resultados da primeira Virada de sua gestão. “Mas não podemos nos intimidar. Temos de ir para as ruas.” A seu lado, o coronel Reinaldo Simões Rossi, comandante da PM, disse que o efetivo policial deste ano foi o maior de todos – 3.424 homens da corporação (350 a mais do que no ano passado) e 1.400 guardas-civis. “A PM tem expertise em policiamento de multidões. O comportamento dos protagonistas dos roubos, contudo, transcende qualquer planejamento”, disse.
Durante o dia, houve reclamações de que PMs não reagiram com firmeza diante dos crimes. “Diante de uma multidão de 4 milhões, o tumulto causado por policiais correndo atrás do ladrão pode ser pior do que o roubo em si. Há procedimentos a ser seguidos para evitar problemas mais sérios”, justificou o coronel.
Houve cenas de correria e confusão provocadas por brigas e arrastões na madrugada. Algumas regiões ficaram mal iluminadas, como a Praça Ramos, na frente do Teatro Municipal, e o Viaduto do Chá. O Estado presenciou arrastões na esquina das Ruas Direita com Quintino Bocaiuva, perto da Praça da Sé. Comerciantes chegaram a fechar as portas de seus estabelecimentos. Em outro local, na Avenida Duque de Caxias, perto da Praça da Sé, duas garotas brigavam a 300 metros de uma viatura. Um pouco mais distante, um jovem apanhava de outros quatro. Policiais nada fizeram contra as agressões.
Suplicy
No sábado, 18, logo após o show da cantora Daniela Mercury com o grupo Zimbo Trio, uma das vítimas da violência havia sido o senador Eduardo Suplicy (PT). Assim que percebeu que sua carteira havia sido levada, Suplicy foi até o palco e, ao lado de Daniela Mercury, fez um apelo para que devolvessem seus documentos. “Levaram a carteira dele, com todos os documentos. Quando ele me falou, eu disse que vinha pessoalmente aqui pedir que devolvessem os pertences dele”, disse a cantora, que continuou: “A pessoa deveria devolver tudo. Se tiver dinheiro, tudo. Deem um jeito de devolver em algum posto.” Depois de alguns minutos, a carteira com os documentos do senador foi devolvida, mas o celular não apareceu.
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