Rombo à vista: Homex paralisa obras e paga dívidas com material de construção

Sobra de materais de obras paralisadas se transformaram em moeda para pagamento de dívidas com fornecedores

A construtora mexicana Homex, instalada no Brasil desde 2007, passa por problemas financeiros e enfrenta obstáculos para concluir as obras de quatro residenciais em Campo Grande. Denúncia encaminhada ao Midiamax aponta que a Homex estaria esvaziando os canteiros de obras, paralisando aos poucos a obra, já atrasada, e pagando fornecedores com materiais de construção.

Depois de processos em diversas áreas, inclusive no MPT (Ministério Publico do Trabalho), fornecedores que têm dinheiro a receber informaram que começaram a receber propostas para ser pagos com materiais de obra.

No último dia 24, por exemplo, uma empresa de comércio de ferramentas emitiu um termo de quitação com nove notas fiscais da construtora. Ao todo, essa empresa recebeu R$ 17.137,25 em materiais de construção da Homex.

Entre os materiais recebidos estão nove reservatórios d’água, que totalizam R$ 1.530,00; 10 pias sintéticas de mármore vibrado, que totalizam R$ 477,50; 20 bacias sanitárias, que totalizam R$ 843,43; e 50 junções simples de esgoto, que totalizam R$ 709,31.

No entanto, a lista de itens entregues pela Homex à empresa chega a quantidade de 2.386 materiais e ferramentas de construção. Entre eles estão: rastelos, enxadas, martelos, válvulas para pias, sifões, pias, entre outros.

A reportagem procurou o presidente da Homex do Brasil, Mario Cavalcante, para falar sobre as quitações das dívidas da construtora, mas não conseguiu contado. Quem respondeu os questionamentos foi Lindomar Ervate, responsável pela empresa na ausência do presidente.

Lindomar contou que a Homex “vem resolvendo todos os contratempos que enfrentava, honrando seus compromissos laborais, retomando obras e manutenções das casas já entregues e encontrando soluções efetivas” para os problemas.

Em nota destinada à imprensa, datada de março deste ano, a empresa informou que “a Homex propôs acordos com seus fornecedores de forma a regularizar todas as pendências financeiras”.

Além disso, operações para capitalizar as obras em todo o país estão previstas, assim como a liberação de recursos de financiamento da Caixa Econômica Federal e adicionalmente aportes de capital, se necessário, por parte da empresa-sócia matriz.

Dívidas trabalhistas

Sobre o pagamento dos funcionários, a empresa informa que “que todos receberam seus salários”. No entanto, a Homex afirmou que alguns empreiteiros com pagamentos pendentes têm prioridade para regularização dos seus créditos.

Dessa forma, a empresa pretende “continuar a cumprir o cronograma de entregas assumido junto a Caixa”.

Sequência de negociações

Campo Grande possui quatro residenciais da Homex que ainda não foram concluídos pela empresa. São eles: Cuiabá, Bem-Te-Vi, Amoreiras e Águas.

Conforme publicações anteriores de matérias do Midiamax, a Caixa Econômica já fez três negociações seguidas com a Homex, que não conseguiu cumprir os prazos de entrega das residências.

Procurada pela reportagem, a Caixa informou que, na última negociação, a empresa recebeu um prazo de 15 dias para iniciar as obras dos empreendimentos Cuiabá, Bem-Te-Vi, Amoreiras e Águas. Sendo que o prazo para a entrega desses empreendimentos foi estabelecido da seguinte forma: Cuiabá, 30/07/2013; Bem-Te-Vi e Amoreira, 26/10/2013; e Águas, 09/11/2013.

A instituição financeira ainda tem R$ 3,5 milhões disponíveis para a Homex, que estão bloqueados até que os problemas de entrega sejam resolvidos.

Esvaziando canteiros de obras

Segundo informações repassadas pela Homex à reportagem, a diminuição física da construtora, por causa da reestruturação que eles passaram, é normal. No entanto, eles negam que estejam esvaziando os canteiros de obras com a intenção de saírem de Campo Grande.

“A Homex não está saindo da cidade, ao contrário, vem resolvendo todos os contratempos que enfrentava, cumprindo com honestidade, integridade e afinco suas obrigações. Todas estas providências são justamente para se manter na cidade”, diz Lindomar sobre as negociações com fornecedores e funcionários.

Entretanto, segundo a Caixa, “a Homex disponibilizou um pequeno efetivo para resolver os problemas existentes nas obras”.