Roma acumula montanhas de excrementos de pássaros após cortes na limpeza

Passear pelas margens do rio Tibre durante a temporada migratória dos estorninhos se transformou em uma atividade de alto risco, depois que a prefeitura de Roma cortou 100 mil euros que eram destinados à limpeza de grande quantidade de excrementos que estes pássaros deixam. A cidade de Roma se tinge provisoriamente de negro quando bandos […]

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Passear pelas margens do rio Tibre durante a temporada migratória dos estorninhos se transformou em uma atividade de alto risco, depois que a prefeitura de Roma cortou 100 mil euros que eram destinados à limpeza de grande quantidade de excrementos que estes pássaros deixam.

A cidade de Roma se tinge provisoriamente de negro quando bandos sincronizados de estorninhos, com seus cantos gregários, se movimentam.

Uma beleza para o céu, pintado pelo voo harmonioso de milhares de pássaros, mas um desastre ecológico para os solos da capital, que ficam destroçados após a passagem destas aves.

E nas áreas próximas ao rio é possível ver o acúmulo de grandes montanhas de excrementos destas aves que provocam acidentes de trânsito e escorregões de transeuntes que, para se esquivar dos restos deixados pelos estorninhos, usam guarda-chuvas, embora não caia água do céu.

Após os cortes na limpeza, a situação criou um grande mal-estar entre os habitantes próximos ao rio pois, segundo relatam, não podem caminhar pelas calçadas e têm que desviar para evitar pisar nos excrementos.

Também não é incomum ver os moradores usando botas à prova de água, sustentando folhas de jornal para se esquivar “da chuva” provocada pelas aves e inclusive observar como muitos deles usam cachecóis e lenços perto do nariz para amenizar o mau cheiro.

“Esperar o ônibus ou descer do carro se transformou em um pesadelo”, disse à agência Efe Manuela Di Carlo, moradora do bairro de Trastevere, na margem do rio Tibre, segundo quem a partir das quatro da tarde, é impossível sair à rua porque, “com certeza cairá algum excremento na sua cabeça”.

Este acúmulo de sujeira tampouco é bom para os turistas, que atraídos pelos encantamentos da região, como a ilha Tiberina, a Sinagoga ou mesmo o bairro de Trastevere, não podem deixar de olhar com repugnância para estas quantidades acumuladas de excrementos.

Muitos deles, entre risos, param para fotografar os carros “decorados” pelos sedimentos até não reconhecer sequer sua cor original.

A Liga para a Proteção de Aves afirmou que os maltratados cofres públicos da capital levaram ao corte de 100 mil euros na verba de prevenção e limpeza das fezes dos pássaros.

Durante as temporadas anteriores, com esses 100 mil euros eram podadas as árvores próximas ao rio Tibre e eram instalados dispositivos de áudio que reproduziam os cantos dos temidos predadores dos estorninhos, os falcões peregrinos, para assustá-los e levá-los para longe da cidade.

As consequências destes cortes fizeram a prefeitura repensar a medida, afirmando que conseguiu fundos para limpar as ruas e afugentar os pássaros.

Além disso, a prefeitura romana denuncia que a decisão dos cortes em limpeza depende do governo do prefeito anterior, o conservador Gianni Alemanno.

Por sua vez, a associação italiana BiciRoma, que conta com nove mil inscritos, denunciou que a pista de bicicleta situada às margens do rio parece uma área de “areia movediça” e as chuvas destes dias, misturada com as montanhas de excrementos, estão provocando vários acidentes.

Todos os anos durante a temporada migratória de aves, os estorninhos invadem a capital romana, em um belo espetáculo, embora também perigoso. Em 2008, um avião teve que fazer uma aterrissagem de emergência no aeroporto romano de Ciampino após se chocar com um bando de estorninhos que provocaram avarias nos motores do avião.

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