Relatório reforça suspeita de envenenamento de Arafat

O ex-líder palestino Yasser Arafat pode ter sido morto por envenenamento com polônio radioativo, de acordo com um relatório forense elaborado por especialistas de uma universidade suíça e obtido pela rede de TV Al-Jazeera. Os especialistas, do Hospital Universitário de Vaudois, em Lausanne, afirmaram ter encontrado níveis de polônio-210 18 vezes mais altos do que […]

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O ex-líder palestino Yasser Arafat pode ter sido morto por envenenamento com polônio radioativo, de acordo com um relatório forense elaborado por especialistas de uma universidade suíça e obtido pela rede de TV Al-Jazeera.

Os especialistas, do Hospital Universitário de Vaudois, em Lausanne, afirmaram ter encontrado níveis de polônio-210 18 vezes mais altos do que o normal em ossos das costelas e pélvis de Arafat e em amostras de solo que estavam próximas a seu corpo.

Com os resultados obtidos, os cientistas afirmaram que “apoiam moderadamente a hipótese de que a morte tenha sido causada por envenenamento com polônio-210”.

Eles ressaltaram não terem podido alcançar uma conclusão mais definitiva por causa dos oito anos que se passaram desde a morte e do acesso limitado às amostras.

Em novembro de 2012, o corpo de Arafat foi retirado do mausoléu onde está sepultado em Ramallah, na Cisjordânia, para ser examinado por uma equipe de especialistas suíços, franceses, palestinos e russos.

Na época, já havia suspeitas de contaminação por alguma substância radioativa, após cientistas suíços terem encontrado alto conteúdo de polônio na roupa e nos objetos pessoais de Arafat.

Os resultados das investigações conduzidas pelos franceses, russos e palestinos ainda serão divulgados.

No mês passado, o diretor da agência federal russa de Médico-Biologia, Vladimir Uiba, disse à agência de notícias russa Interfax que Arafat “não teria morrido envenenado com polônio”, acrescentando que os testes realizados pelos russos “não encontraram traços da substância”.

No entanto, posteriormente a agência negou que Uiba tenha dado declarações oficiais sobre o assunto.

Dose fatal

O polônio-210 é uma substância altamente radioativa. Ela é encontrada em doses pequenas em alguns alimentos e é gerada naturalmente pelo corpo humano, mas pode ser fatal se ingerida em altas doses.

Arafat morreu em 2004 aos 75 anos, após sofrer um derrame cerebral e uma hemorragia provocados por uma infecção desconhecida.

Muitos palestinos acreditam que Israel tenha sido o responsável pela morte de Arafat, o que sempre foi negado pelo governo em Tel Aviv.

Após a divulgação dos resultados do relatório suíço, um porta-voz do ministério das Relações Exteriores de Israel disse que a investigação era “mais novela do que ciência”.

A viúva de Arafat, Suha, que recebeu uma cópia do documento, disse que ele é a prova conclusiva de que Arafat foi envenenado.

“Isso confirma nossas suspeitas. Agora está cientificamente provado que ele não morreu de causas naturais e temos provas de que esse homem foi assassinado.”

Arafat foi durante 35 anos o líder da Organização para a Libertação da Palestina (OLP). Em 1994, tornou-se presidente da Autoridade Nacional Palestina.

Em outubro de 2004, ele ficou doente repentinamente e duas semanas depois, em estado gravíssimo, foi transferido para um hospital militar em Paris. Ele morreu poucas semanas depois, em 11 de novembro. Muitos argumentaram que ele teria Aids ou câncer.

Há poucos registros no mundo de mortes causadas por polônio. O caso mais famoso é o do ex-espião russo, Alexander Litvinenko, morto em Londres em 2006. Segundo a polícia britânica, Litvinenko foi morto após beber chá envenenado com a substância.

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