Radar ‘campeão’ fez 120 mil autuações
Nos 15 anos em que Julio Lima, de 63 anos, trabalha como borracheiro na altura do número 5.000 da Avenida Salim Farah Maluf, na Água Rasa, na zona leste de São Paulo, ele viu o trânsito dali se tornar menos violento. Um dos motivos é a instalação, em 2010, de um radar quase em frente […]
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Nos 15 anos em que Julio Lima, de 63 anos, trabalha como borracheiro na altura do número 5.000 da Avenida Salim Farah Maluf, na Água Rasa, na zona leste de São Paulo, ele viu o trânsito dali se tornar menos violento. Um dos motivos é a instalação, em 2010, de um radar quase em frente ao estabelecimento onde trabalha. Esse aparelho é o que mais registrou multas por excesso de velocidade na capital em 2012: 120.903, quase 14 por hora, segundo a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET). Se fosse uma via, seria a 11.ª com mais autuações
“Antes, tinha capotamento e muitos carros acabavam avançando na calçada, porque aqui é o fim de uma curva”, conta Lima. “Depois do radar, isso mudou, porque as pessoas ficaram mais atentas.” Porém, ele diz que a parte do aparelho que fica no canteiro central deveria ser mais visível. Hoje, fica atrás de um pé de abacate. “Muita gente só enxerga quando já está muito perto e isso, ironicamente, leva a algumas pequenas batidas, porque as pessoas freiam em cima da hora.”
Na manhã de sexta-feira, o Estado viu vários carros reduzirem o passo a poucos metros do radar, embora cerca de 100 metros antes haja uma placa indicando a presença de fiscalização eletrônica na via. “O ideal seria a CET mudar um pouquinho o lugar do radar, para que as pessoas possam vê-lo a uma distância maior. Só não queremos que cortem nosso abacateiro, que está aí há anos”, diz Lima.
De fato, a localização do “grande multador” é polêmica. O técnico em radiologia Valmir dos Anjos, de 48 anos, já foi flagrado três vezes (duas só no ano passado) pelo equipamento, por dirigir acima do limite de velocidade. “Esse radar é uma armadilha, porque está estrategicamente localizado para pegar as pessoas de surpresa. Acho que ele não tem uma função preventiva ”
O taxista Jair Soriano, de 38 anos, mora ali perto e é a favor da presença do radar. “Se ainda não existisse, os carros iam continuar a passar ‘rasgando’.”
Outro fator que pode ter contribuído para a queda de acidentes e o aumento do número de multas foi a redução do limite máximo permitido na Salim, de 70 km/h para 60/h no ano passado. Além de excesso de velocidade (o tipo de infração mais comum na cidade), o radar da Avenida Salim Farah Maluf flagra desrespeito ao rodízio e caminhões que desobedecem as proibições para veículos de carga.
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