Produção de petróleo nos EUA já supera importação

Em um “marco” que interessará os países que vendem petróleo para a economia americana, como o Brasil, os Estados Unidos produziram mais petróleo em outubro do que importaram no mesmo mês, segundo números oficiais. A produção doméstica de petróleo, que se encontra no seu nível mais alto em 24 anos, chegou a 7,7 milhões de […]

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Em um “marco” que interessará os países que vendem petróleo para a economia americana, como o Brasil, os Estados Unidos produziram mais petróleo em outubro do que importaram no mesmo mês, segundo números oficiais.

A produção doméstica de petróleo, que se encontra no seu nível mais alto em 24 anos, chegou a 7,7 milhões de barris diários e superou as importações de petróleo estrangeiro, que estão em seu menor nível em 17 anos.

A Casa Branca qualificou os números de uma “grande notícia”.

O escritório que acompanha as estatísticas, a Administração de Informação de Energia (EIA, na sigla em inglês), estima que a produção americana vai superar 8,8 milhões de barris no ano que vem.

Isso significaria uma redução da proporção de petróleo importado no consumo americano dos atuais 40% para 28% do total, disse a organização.

Seria o nível mais baixo desde 1985. No pico, em 2005, 60% do petróleo consumido pelos Estados Unidos vinham de fora.

Efeitos comerciais

A notícia reafirma um processo do qual o governo americano já vinha se vangloriando: a menor dependência de petróleo importado, relevante para garantir a segurança energética dos Estados Unidos no futuro e reduzir a pegada ambiental do país.

Em seu relatório, a EIA ressaltou que a menor demanda americana por combustível compensou a redução na oferta verificada no Oriente Médio e em outras partes do mundo – que, em outro cenário, teriam acarretado em aumentos acentuados de preço, disse o órgão.

Países que vendem o combustível para os Estados Unidos também estão sentido os efeitos. O Brasil é um exemplo.

Até outubro deste ano, a venda de petróleo brasileiro para os Estados Unidos somou US$ 3,1 bilhões, ante US$ 5,2 bilhões no mesmo período do ano passado. Os números são do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.

O valor da queda é quase igual ao da redução nas exportações do Brasil para os Estados Unidos. Entre janeiro e outubro, o país vendeu US$ 20,8 bilhões para compradores americanos, ante US$ 22,7 bilhões no mesmo período do ano passado.

Segundo a EIA, até junho a proporção do petróleo no déficit comercial americano se situava em 25% – de mais de 40% em 2009, ressaltou a agência.

“Este comportamento melhorará à medida que as importações continuem a cair e a produção doméstica continue a se elevar”, disse o documento.

Boom polêmico

O boom do petróleo doméstico americano é explicado pela técnica de fraturamento hidráulico – conhecido como fracking – para extrair depósitos de hidrocarbonetos em Estados como Dakota do Norte e Texas.

A técnica é altamente polêmica por causa dos riscos ambientais que acarreta, como a possível contaminação de águas de fontes naturais, a infiltração de produtos químicos no solo e até um possível aumento na ocorrência de tremores de terra.

Apesar dos fatores em contra, este tipo de perfuração tem se tornado crucial na estratégia de energia e combate à mudança climática adotada pelo presidente Barack Obama desde sua posse, em 2009.

Quando Obama chegou ao poder, a produção americana de petróleo era de 5,1 milhões de barris diários, disse a Casa Branca.

Agora, a EIA estima que esta produção de petróleo supere a da Rússia nos próximos anos. A agência internacional de energia (IEA) acredita que em 2017 os Estados Unidos destronem a Arábia Saudita como o maior país produtor do mundo.

O governo celebra não apenas o aumento na produção, como também a queda no consumo de gasolina.

“Este marco é resultado tanto de uma maior produção como de políticas administrativas”, disse o porta-voz da Casa Branca, Jay Carney.

Entre essas medidas estão estímulos e novos protocolos para a fabricação de carros e caminhões novos de consumo mais eficiente, que teriam, segundo Carney, reduzido “o consumo de petróleo, a poluição por emissões de carbono e o gasto dos consumidores”.

A imprensa americana cita também o aumento no preço da gasolina, que levou vários americanos a dirigir menos.

Segundo o porta-voz da Casa Branca, a poluição de carbono proveniente do setor de transporte nos Estados Unidos foi no ano passado a menor em uma década.

“Esses números mostram que não precisamos escolher entre crescimento econômico e redução da poluição”, disse. “Enquanto nossos níveis de poluição diminuem, nossa economia não desacelera e nosso PIB continua a crescer.”

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