Premiê canadense se diz “muito preocupado” com acusações de espionagem no Brasil
O primeiro-ministro canadense, Stephen Harper, expressou preocupação nesta terça-feira com as acusações de que a agência de inteligência do Canadá espionou o Brasil e disse que autoridades do país estão em contato com colegas brasileiros para tratar do tema. A presidente Dilma Rousseff exigiu na segunda-feira que o Canadá explicasse a denúncia feita pelo programa […]
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O primeiro-ministro canadense, Stephen Harper, expressou preocupação nesta terça-feira com as acusações de que a agência de inteligência do Canadá espionou o Brasil e disse que autoridades do país estão em contato com colegas brasileiros para tratar do tema.
A presidente Dilma Rousseff exigiu na segunda-feira que o Canadá explicasse a denúncia feita pelo programa “Fantástico”, da TV Globo, no domingo, segundo a qual o serviço de segurança do Canadá (conhecido pela sigla CSEC, órgão equivalente à Agência Nacional de Segurança dos Estados Unidos, a NSA) havia espionado o Ministério das Minas e Energia e um ex-embaixador do Brasil no Canadá.
O embaixador do Canadá em Brasília, Jamal Khokhar, foi convocado pelo ministro das Relações Exteriores, Luiz Alberto Figueiredo, na segunda-feira, para prestar esclarecimentos sobre as denúncias.
O caso é potencialmente embaraçoso para Harper, que visitou o Brasil em 2011 e se reuniu com Dilma em uma tentativa de aprofundar os laços com o Brasil, por ser uma potência regional e ao mesmo tempo parceiro comercial e concorrente do Canadá.
“As autoridades canadenses estão em contato muito pró-ativo com seus homólogos … Estou obviamente muito preocupado com essa história e algumas reportagens sobre isso, muito preocupado”, declarou Harper a jornalistas, na Indonésia, à margem de uma reunião de cúpula da Ásia-Pacífico. “Dito isto, vocês sabem que eu não posso comentar operações de segurança nacional”, acrescentou.
Harper não deu detalhes de quais autoridades brasileiras tinham sido contatadas.
O porta-voz do ministro das Relações Exteriores canadense John Baird disse que o embaixador do Canadá no Brasil “fala com o Ministério das Relações Exteriores de modo regular e constante”, mas ele se recusou a fazer mais comentários sobre o assunto.
O ministro da Defesa do Canadá, Rob Nicholson, responsável pelo CSEC, não quis tratar das acusações de espionagem ao falar com repórteres na segunda-feira.
E a situação ainda pode ficar pior para o governo canadense. O repórter norte-americano Glenn Greenwald, que obteve as informações exibidas pelo “Fantástico” com o ex-prestador de serviços da NSA Edward Snowden, disse à Canadian Broadcasting Corp ter provas de mais ações de espionagem do Canadá no exterior.
O CSEC faz parte da chamada Five Eyes, rede de compartilhamento de dados de inteligência, a qual inclui também os Estados Unidos, a Grã-Bretanha, a Nova Zelândia e a Austrália.
Em setembro, Dilma cancelou uma visita de Estado que faria este mês aos Estados Unidos, depois de revelações de que a NSA havia espionado as comunicações pessoais dela e de outros brasileiros.
Um dos principais especialistas em inteligência do Canadá , Welsley Wark, disse à Reuters duvidar que a CSEC tenha planejado roubar segredos comerciais do Brasil e, em seguida, passá-los para empresas canadenses.
“Foi provavelmente algo que lhes foi atribuído por seus parceiros da Five Eyes, presumivelmente, a NSA, que já tinha sido implicada na coleta de dados brasileiros de inteligência”, disse Wark, que é professor da Universidade de Ottawa.
“Não acho que haja muitos indícios de que o CSEC tenha dedicado recursos –particularmente depois do 11 de Setembro– à coleta de dados econômicos”, afirmou ele, acrescentando ser bem possível que Harper não soubesse da operação no Brasil.
As relações bilaterais entre Brasil e Canadá melhoraram significativamente depois de um período por volta de 2001, quando os dois lados se envolveram em disputas relacionadas às exportações brasileiras de carne bovina e sobre se o governo canadense subsidiava ilegalmente vendas de aviões canadenses.
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