Prefeitura exige prestação de contas para não cortar repasse ao Hospital do Câncer

O prefeito de Campo Grande, Alcides Bernal, declarou em coletiva na tarde desta segunda-feira (6) que vai exigir o detalhamento dos gastos do Hospital para que o repasse milionário não seja interrompido

Prefeito de Campo Grande, Alcides Bernal convocou uma coletiva na tarde desta segunda-feira (6) para informar que está acompanhando as investigações feitas no Hospital do Câncer pelo Ministério Público e que irá pedir o detalhamento das contas do hospital para que continue a repassar dinheiro.

Segundo Bernal, somente entre janeiro e março deste ano foram repassados R$ 5,1 milhões de dinheiro da prefeitura para a unidade. Antes, a prestação de contas era feita trimestralmente, mas sem detalhamento, como em uma nota fiscal comum.

“Nós queremos saber onde é investido o dinheiro público, cada detalhe. Agora, deve constar na prestação de contas quanto foi investido em cada paciente e qual o procedimento realizado”, declarou o prefeito.

Caso o hospital não faça a devida adequação, a prefeitura pode cortar o repasse. “O possível término do convênio seria uma medida trágica, mas eu garanto que nenhum paciente que faça tratamento contra o câncer ficará sem atendimento em Campo Grande”.

O Hospital do Câncer tem até o dia 15 de maio para fazer a readequação, inclusive como gastou os R$ 98,8 milhões repassados de 2005 a 2012 pela prefeitura ao hospital.

Sindicâncias

O Secretário Municipal de Saúde, Ivandro Fonseca, relatou que já foram instauradas 120 sindicâncias na saúde este ano. A capital faz repasse para dez hospitais e que mantém 95 unidades de saúde próprias.

Segundo ele, “nenhuma unidade escapou”, pois em todas havia suspeita de irregularidades. Este fato, de acordo com Bernal, reforça a necessidade da instauração da CPI da Saúde em Campo Grande.

“São seis pessoas que fazem parte da comissão que está investigando os contratos da prefeitura. Entre eles, contadores, administradores e gestores de hospitais. Vamos encaminhar toda a documentação aos vereadores”, reforçou.

Ele explica que, ao contrário do que dizem, os hospitais não vão parar por conta de uma possível CPI. “O atendimento continuaria normalmente”, garantiu.

Denúncias

Há anos o Midiamax denuncia irregularidades no hospital e em março deste ano o Ministério Público Estadual pediu o afastamento da diretoria do hospital, suspeita de estar por trás de um forte esquema de cobrança do SUS por tratamento de pacientes de quimioterapia já mortos, contratação de integrantes da família Siufi para trabalhar no hospital filantrópico com salários elevados, compra de materiais elétricos de empresa de sócio do hospital entre outras irregularidades.

Adalberto Siufi, Blener Zan e Wagner Miranda foram afastados da direção do Hospital.