Pedreiro que viu esposa morrer na espera por tratamento denuncia caos na saúde da Capital
A paciente passou dois meses procurando postos de saúde com dor nas costas e recebendo paracetamol. Ela estava com tuberculose e morreu no sábado (30). A filha, de três anos, ainda não entende porque não verá nunca mais a mãe.
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A paciente passou dois meses procurando postos de saúde com dor nas costas e recebendo paracetamol. Ela estava com tuberculose e morreu no sábado (30). A filha, de três anos, ainda não entende porque não verá nunca mais a mãe.
A dificuldade para conseguir atendimento no sistema de saúde pública de Campo Grande e a suposta negligência de médicos são apontadas pelo pedreiro Héber Soares, de 34 anos, como causas da morte da esposa dele, Cleunilda Coelho de Lima, de 45 anos.
Ela faleceu no último sábado (30), após correr sem sucesso atrás de tratamento para dores fortes que começou a sentir há dois meses, nas costas e no peito. Sem dinheiro, ela esperou vaga em um dos hospitais da cidade, mas o atendimento demorou demais.
Ela estava com pneumonia e tuberculose e iniciou o tratamento quando a doença estava em estágio avançado. O detalhe é que, segundo o marido, ela ia constantemente ao posto de saúde do bairro Coophavilla II para tentar descobrir o motivo das dores.
Lá, os médicos que a atendiam mandavam realizar exames de sangue e sempre diziam, segundo o pedreiro, que a mulher não tinha nada. Eles teriam mandado ela para casa e receitado paracetamol para aliviar a dor em várias ocasiões.
Como as dores só foram aumentando, Héber juntou dinheiro e conseguiu pagar R$ 500,00 por um exame no Hospital do Pênfico, onde ficou constatado que a esposa estava com pneumonia em estado avançado. Ainda de acordo com o marido, para tratar companheira o hospital cobraria R$ 8 mil, que ele não tinha.
Sem condições para arcar com o tratamento particular, restou novamente procurar uma UBS (Unidade Básica de Saúde). No dia 24, Cleunilda retornou ao posto de saúde do Coophavila II com os exames em mãos. Diante da gravidade do estado de saúde, ela ficou internada na unidade aguardando vaga em um dos hospitais da cidade.
A transferência só aconteceu na quarta-feira (27), quando deu entrada no Hospital Universitário de Campo Grande. Lá ela foi submetida a novos exames que ela estava com pneumonia e tuberculose.
Na sexta-feira ele ainda conversou com a esposa e explicou que os médicos iriam entubá-la para tratá-la. No mesmo dia, a esposa dele sofreu três paradas cardíacas e estava com a pressão arterial muito baixa. Soares alega que os médicos não o avisaram sobre os ataques que a mulher sofreu.
Ainda de acordo com Soares, nos últimos dias ela emagreceu muito e só consegui se alimentar com sopas, que conseguia engolir. Para ele é difícil entender como uma pessoa procura atendimento e o médico vê o estado da pessoa e não faz nada para descobrir a causa.
“Como um posto de saúde não faz exames detalhados para saber o que a pessoa tem, só olha e manda tomar remédio. Isso é um absurdo com o ser humano”, desabafa.
Mas a notícia triste veio no sábado à tarde quando os médicos informaram que a esposa não resistiu e faleceu.
“É triste ver a pessoa dois meses indo ao médico para solucionar seu problema e sair de lá morta. Para mim é preciso que alguém tome alguma atitude, não dá mais para ver a população morrendo e as autoridades ficarem de braços cruzados. Até quando a saúde pública vai ficar esse caos que está? Chega. É hora de alguém fazer alguma coisa”, indigna-se.
Cleunilda tinha três filhos. Entre eles, uma menina de 3 anos que não entende porque não vai mais ver a mãe. “Olha é difícil explicar para ela que a mãe dela não vai mais estar conosco”, diz o pai.
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