Pai de Kevin vê oportunismo corintiano e nega acordo por liberação

O boliviano Limbert Beltrán, pai do garoto Kevin, morto por um sinalizador no último dia 20 de fevereiro, negou qualquer tipo de acordo pela libertação dos cinco corintianos detidos em Oruro como suspeitos de envolvimento no caso. Ele ainda disse ver uma postura oportunista por parte do clube brasileiro. Limbert enviou um longo comunicado à […]

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O boliviano Limbert Beltrán, pai do garoto Kevin, morto por um sinalizador no último dia 20 de fevereiro, negou qualquer tipo de acordo pela libertação dos cinco corintianos detidos em Oruro como suspeitos de envolvimento no caso. Ele ainda disse ver uma postura oportunista por parte do clube brasileiro.

Limbert enviou um longo comunicado à Gazeta Esportiva. Depois de agradecer a pessoas e entidades que prestaram solidariedade, como a alcalde de Oruro, Rossío Pimentel Flores, e os clubes Bolívar e Aurora, que contribuíram economicamente, ele criticou.

“Mas nem todas as ações foram positivas. Também apareceram os oportunistas que saíram para declarar todo seu apoio moral e econômico apenas para ficar bem diante da opinião pública e das câmeras dos meios de comunicação”, escreveu o pai de Kevin Beltrán.

Na lista de “oportunistas”, Limbert incluiu “presidente e dirigentes do Corinthians” e José Maria Marin, mandatário da CBF. Ele ainda citou a diretoria do San José, adversário do time brasileiro no fatídico jogo válido pela Copa Libertadores, e Carlos Chávez, que dirige a Federação Boliviana de Futebol (FBF).

Em um contato telefônico, o Corinthians ofereceu US$ 200 mil como doação à família Beltrán, em março. De acordo com Limbert, uma falha na tradução durante a conferência, realizada pelo consulado brasileiro em Cochabamba, impediu o acordo. Recentemente, o clube brasileiro contribuiu com US$ 50 mil.

Na visão do pai de Kevin, o Corinthians realizou a doação apenas “sob pressão do Ministério da Justiça, da diplomacia, da Gaviões da Fiel e sobretudo das famílias dos detidos”. Já a FBF prometeu repassar parte da renda (US$ 21 mil) do amistoso com o Brasil, disputado no dia 6 de abril, mas ainda não cumpriu.Diante da doação de US$ 50 mil efetuada pelo Corinthians, o Ministério Público de Oruro, sob a ótica da Justiça Restaurativa, emitiu um parecer favorável à soltura dos cinco corintianos ainda presos, e o grupo deve deixar a penitenciária nos próximos dias.

“A libertação dos cinco detidos é iminente, como disse o ministro das relações exteriores (Antônio Patriota) do seu país à imprensa, mas ele dá a entender que houve um acordo entre os presos e a minha família, o que não é verdade”, escreveu.

Na véspera do amistoso entre Bolívia e Brasil, Limbert viajou a Santa Cruz e se reuniu com Vicente Cândido, deputado estadual e conselheiro do Corinthians que, falando em nome do clube, prometeu US$ 200 mil à família em um prazo de 10 dias. Segundo o pai de Kevin, ele voltou a ser procurado apenas após a libertação de sete dos 12 detidos, já em junho.

De acordo com Limbert, Ramiro Magne e Oscar Arraya, advogados dos presos, ofereceram US$ 50 mil mediante a assinatura de um documento desistindo do processo contra os torcedores e mais US$ 30 mil após a libertação do grupo, valor que seria desembolsado pelas famílias dos acusados.Representantes da embaixada e do Ministério de Justiça do Brasil, no entanto, mantiveram a proposta de US$ 50 mil. Confuso, Limbert pediu alguns dias para pensar e resolveu aceitar o valor, mas assegura que jamais entrou em qualquer tipo de acordo que envolvesse a libertação dos cinco torcedores ainda presos em Oruro.

“A incoerência por parte deles (diferença nos valores) e a garantia de um representante do Corinthians de que seria uma doação e não teria nada a ver com o processo nos levou a aceitar a doação do clube. Não assinamos o documento que eles queriam, deixando claro que doação e indenização são duas coisas diferentes e que o que pretendiam não é correto”, escreveu.

O pai de Kevin criticou as seguidas trocas de promotores responsáveis pelo caso em Oruro e terminou seu comunicado com uma série de perguntas, entre as quais qual será o destino do menor de idade que assumiu a autoria do disparo fatal em São Paulo e o que aconteceria se a situação fosse inversa, com suspeitos bolivianos presos no Brasil. “Essa é a minha verdade e agora que a opinião pública tire suas conclusões”, encerrou.

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