MP-RS pede prorrogação de prisão de donos de boate e músicos

Os promotores de Justiça de Santa Maria Joel Dutra e Waleska Agostini manifestaram-se pela prorrogação da prisão temporária de Elissandro Callegaro Spohr, o Kiko e Mauro Hoffmann – sócios proprietários da Boate Kiss – e os músicos Marcelo de Jesus dos Santos e Luciano Augusto Bonilha Leão, por 30 dias. O pedido de prorrogação da […]

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Os promotores de Justiça de Santa Maria Joel Dutra e Waleska Agostini manifestaram-se pela prorrogação da prisão temporária de Elissandro Callegaro Spohr, o Kiko e Mauro Hoffmann – sócios proprietários da Boate Kiss – e os músicos Marcelo de Jesus dos Santos e Luciano Augusto Bonilha Leão, por 30 dias. O pedido de prorrogação da prisão temporária do quarteto foi entregue ao MP às 21h desta quinta-feira pela Polícia Civil, como parte das investigações do incêndio que deixou mais de 230 mortos na madrugada do último domingo.

Os promotores corroboram a alegação do delegado Marcelo Arigony de que a prorrogação é necessária “para a obtenção de demais provas, como a realização de reconstituição, reinquirição dos investigados, oitivas e outras diligências que se mostrarem necessárias para instrução do inquérito policial”. Segundo os promotores, os elementos investigatórios colhidos até agora indicam a presença de dolo, “evidenciando a prática de homicídio doloso, tendo os representados assumido o risco de produzir como resultado a morte de mais de 200 pessoas, por meio de asfixia”.

Ainda de acordo com o Ministério Público gaúcho, como os elementos trazidos pela autoridade policial demonstram a ocorrência de homicídio qualificado, uma vez que as mortes se deram pelo fogo e asfixia, o prazo da prisão é de até 30 dias.

Um incêndio de grandes proporções deixou mais de 230 mortos na madrugada do dia 27 de janeiro, em Santa Maria (RS). O incidente, que começou por volta das 2h30, ocorreu na Boate Kiss, na rua dos Andradas, no centro da cidade. O Corpo de Bombeiros acredita que o fogo tenha iniciado com um artefato pirotécnico lançado por um integrante da banda que fazia show na festa universitária.

Segundo um segurança que trabalhava no local, muitas pessoas foram pisoteadas. “Na hora que o fogo começou, foi um desespero para tentar sair pela única porta de entrada e saída da boate, e muita gente foi pisoteada. Todos quiseram sair ao mesmo tempo e muita gente morreu tentando sair”, contou. O local foi interditado e os corpos foram levados ao Centro Desportivo Municipal, onde centenas de pessoas se reuniam em busca de informações.

A prefeitura da cidade decretou luto oficial de 30 dias e anunciou a contratação imediata de psicólogos e psiquiatras para acompanhar as famílias das vítimas. A presidente Dilma Rousseff interrompeu uma viagem oficial que fazia ao Chile e foi até a cidade, onde se reuniu com o governador Tarso Genro e parentes dos mortos. A tragédia gerou uma onda de solidariedade tanto no Brasil quanto no exterior.

Os feridos graves foram divididos em hospitais de Santa Maria e da região metropolitana de Porto Alegre, para onde foram levados com apoio de helicópteros da FAB (Força Aérea Brasileira). O Ministério da Saúde, com apoio dos governos estadual e municipais, criou uma grande operação de atendimento às vítimas.

Na segunda-feira, quatro pessoas foram presas temporariamente – dois sócios da boate, Elissandro Callegaro Sphor, conhecido como Kiko, e Mauro Hoffman, e dois integrantes da banda Gurizada Fandangueira, Luciano Augusto Bonilha Leão e Marcelo de Jesus dos Santos. Enquanto a Polícia Civil investigava documentos e alvarás, a prefeitura e o Corpo de Bombeiros divergiam sobre a responsabilidade de fiscalização da casa noturna.

A tragédia fez com que várias cidades do País realizassem varreduras em boates contra falhas de segurança, e vários estabelecimentos foram fechados. Mais de 20 municípios do Rio Grande do Sul cancelaram a programação de Carnaval devido ao incêndio.

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