Militante negra em MS diz que legado de Mandela é prova de que a paz e o amor mudam o mundo

Coordenadora especial de políticas para a igualdade racial em Mato Grosso do Sul, Raimunda Luzia de Brito afirma, com segurança, que o mundo perdeu, ontem (5), “uma das pessoas mais especiais do século”. Ela refere-se a Nelson Mandela, líder sul-africano, primeiro presidente negro da África do Sul, símbolo do combate ao apartheid, regime de segregação […]

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Coordenadora especial de políticas para a igualdade racial em Mato Grosso do Sul, Raimunda Luzia de Brito afirma, com segurança, que o mundo perdeu, ontem (5), “uma das pessoas mais especiais do século”. Ela refere-se a Nelson Mandela, líder sul-africano, primeiro presidente negro da África do Sul, símbolo do combate ao apartheid, regime de segregação racial. A maior lição dele para a humanidade, disse, é a prova de que a paz e o amor podem, sim, mudar o mundo.

Para Raimunda que, por aqui, também luta contra o preconceito, ainda existente, Mandela, além de conseguir conquistar e unir todos, promoveu uma mudança “sem ranço”.

“Saiu do apartheid e entrou na democracia, sem ódio, procurando unir todos os lados. Ele conseguiu fazer isso”, disse. Na visão da coordenadora, o líder fez com que os brancos olhassem os negros de uma maneira diferente e vice-versa.

Em 2004, Raimunda esteve na África e notou que, de fato, houve mudança, embora ainda existam os grupos que, segundo ela, “olham torto”. Mas, de maneira geral, prosseguiu, além dos brancos, os próprios negros se aceitaram como “pessoa humana que é”.

Apesar das conquista, da consciência coletiva e do legado deixado por Mandela, ressaltou a coordenadora, muita coisa precisa mudar. “O preconceito ainda existe. Não vai acabar de um dia para o outro”, finalizou.

Morte – Nelson Rohlihla Mandela morreu aos 95 anos, em decorrência de uma infecção pulmonar, nesta quinta-feira (5), em sua casa, em Johanesburgo. O anúncio foi dado pelo atual mandatário da África do Sul, Jacob Zuma.

Primeiro presidente negro do país, Mandela tornou-se um ícone antiapartheid. Emergiu após 27 anos das prisões do regime para ajudar a guiar o país e superar o derramamento de sangue. Com muito esforço, alcançou a democracia.

Para desafiar o governo da minoria branca, Nelson saiu da obscuridade rural. Em 1960, foi um dos primeiros a defender a resistência armada ao apartheid. Pregou a reconciliação e o perdão.

Em 1993, o sul-africano recebeu o Prêmio Nobel da Paz. Em 1994, Mandela foi eleito presidente, em eleições multirraciais, e se aposentou em 1999, quando entregou o poder a líderes mais jovens.

Como presidente, ele enfrentou a tarefa de forjar uma nova nação a partir profundas injustiças raciais profundas. A reconciliação foi o lema de seu mandato. Ele criou a Comissão Verdade e Reconciliação, que julgou crimes do apartheid, de ambos os lados da luta, para tentar curar as feridas do país.

Aposentado, Mandela passou a combater a Aids na África do Sul. A luta se tornou pessoal quando ele perdeu para a doença, em 2005, seu único filho sobrevivente.

A última grande aparição de Mandela no cenário mundial foi 2010, quando participou da cerimônia da Copa do Mundo de futebol. Na ocasião, foi ovacionado por 90 mil pessoas no estádio em Soweto, bairro onde se tornou líder da resistência.

Acusado de crimes capitais no Julgamento Rivonia, de 1963, sua declaração foi seu testemunho político: “Durante toda a minha vida tenho me dedicado a esta luta do povo africano. Eu lutei contra a dominação branca, e eu lutei contra a dominação negra.

Despedida – O presidente da África do Sul, Jacob Zuma, informou, nesta sexta-feira (6), que Nelson Mandela será enterrado em seu vilarejo ancestral de Qunu, na província de Cabo Oriental, no dia 15 de dezembro.

A semana de luto pela morte do líder incluirá uma cerimônia no estádio Soccer City, em Johanesburgo, palco da final da Copa do Mundo de 2010, no dia 10 de dezembro.

A morte de Mandela, como era de se esperar, repercutiu no mundo todo. Hoje, sul-africanos se uniram na despedida do ex-presidente. Alguns celebravam sua vida com música e danças, enquanto outros demonstravam temores de que a morte do herói antiapartheid pode deixar o país vulnerável a novas tensões raciais e sociais.

(Com informações da Reuters Brasil)

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