Médico diz que caso de siamesas em MS pode estar ligado à plantação de cana-de-açúcar

A mãe das meninas, que nasceram no último dia 28 na Santa Casa de Campo Grande, é de Naviraí, região canavieira. Segundo o especialista nacional em gestações siamesas, Zacharias Calil, estudos apontam relação entre a atividade e incidência de casos.

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A mãe das meninas, que nasceram no último dia 28 na Santa Casa de Campo Grande, é de Naviraí, região canavieira. Segundo o especialista nacional em gestações siamesas, Zacharias Calil, estudos apontam relação entre a atividade e incidência de casos.

Centro de referência nacional em caso de siamesas, o Hospital Materno Infantil de Goiás, em Goiânia, conta com a equipe do Doutor Zacharias Calil para operar bebês que nascem unidos. Ele explicou ao Midiamax nesta sexta-feira (6) que regiões açucareiras têm sido “berço” para casos deste tipo no Brasil e que o agrotóxico pode ser apontado como um dos fatores para o nascimento de siameses.

Naviraí, de onde vem a mãe das meninas, é reconhecidamente produtora de cana-de-açúcar, com usinas instaladas e cooperativas. O médico explica que a Santa Casa de Campo Grande já teria entrado em contato com ele para comunicar o nascimento.

“O caso das siamesas daí é idêntico ao daqui, mas o estado de saúde delas é mais estável que as pacientes daqui”, adiantou. Calil não adianta mais informações por questões técnicas. “Teria que fazer exames nas meninas para saber mais sobre o caso, não posso avaliar de longe. Elas são ligadas pelo abdome, tórax e um mesmo coração”.

Zacharias, que atende siameses desde 1999, relata que 25 casos já foram atendidos por ele. O médico relata que a maioria dos bebês morre nas primeiras 24 horas do parto. Dos que sobrevivem, 75% morrem antes dos 15 dias de vida.

“De todos os casos que sobrevivem a esses 15 dias, vários fatores específicos determinam a possibilidade de poder separar as crianças ou não”. O médico já fez 10 cirurgias de separação, com 60% de sucesso.

Zacharias atualmente atende dois casos de siameses. Um deles é de duas meninas, nascidas no dia 29 de novembro, um dia após as de Campo Grande, que seguem internadas também na UTI.  A família é do Espírito Santo e o pai é cortador de cana, fato que reforça a literatura médica da probabilidade dos casos de siameses estarem ligados ao agrotóxico.

Outro caso é dos gêmeos Arthur e Heitor, de 4 anos. Eles se preparam para a cirurgia de separação, que deve acontecer em 2014. “Colocamos expansões de silicone por baixo da pele deles para que mais pele seja produzida para ser usada na cirurgia”, explicou o médico.

A família é de Riacho de Santana, cidade do interior da Bahia e o fígado, bexiga, intestino delgado, grosso e outros órgão serão divididos, tornando a cirurgia complexa.

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