Macarrão pretendia matar também filho de Eliza, diz primo de Bruno

Jorge Luiz Rosa, 19 anos, primo do goleiro Bruno de Souza, afirmou em entrevista ao programa Fantástico, da TV Globo, que Luiz Henrique Romão, o Macarrão, pretendia matar, além de Eliza Samudio, o filho da modelo com o jogador. “Pelo Macarrão, a criança tinha morrido também. Dentro do carro, pegou e falou para mim que […]

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Jorge Luiz Rosa, 19 anos, primo do goleiro Bruno de Souza, afirmou em entrevista ao programa Fantástico, da TV Globo, que Luiz Henrique Romão, o Macarrão, pretendia matar, além de Eliza Samudio, o filho da modelo com o jogador. “Pelo Macarrão, a criança tinha morrido também. Dentro do carro, pegou e falou para mim que só não deixou, só não mandou matar a criança também, porque o cara que executou a mãe da criança não quis fazer nada com a criança. Falou que, com a criança, não. Não quis matar a criança”, disse o jovem.

Em meio a declarações contraditórias, o jovem inicialmente disse que Bruno não sabia do plano de Macarrão para matar sua ex-amante, mas, posteriormente, afirmou que o goleiro dificilmente estaria alheio às ações de seu amigo e braço direito. “Não tinha como não desconfiar. Estava debaixo do nariz dele. Com o Macarrão do jeito que gostava tanto dele, fazia qualquer coisa por ele, não desconfiar daquilo ali?”, questionou.

Hoje em liberdade, Jorge cumpriu dois anos e dois meses de medida socioeducativa, já que era menor de 18 anos na época do crime. O jovem afirmou que Macarrão era “muito ciumento” em relação a Bruno. Na entrevista, Jorge relatou as agressões sofridas por Eliza no trajeto entre o Rio de Janeiro e Minas Gerais, onde a modelo esperava receber R$ 30 mil de Bruno, como ajuda de custos com o filho.

“No meio do caminho, os dois começaram a discutir. O Macarrão pegou e chamou ela de vagabunda. Ela pegou e chamou o Macarrão de corno. Nisso, o Macarrão pegou e deu um soco nela e ele dirigindo. Eu peguei e falei: ‘não, só falta bater o carro’. Aí eu peguei e já fui para cima dela”, disse Jorge, relatando que a modelo sofreu diversas escoriações e ficou com hematomas pelo corpo.

O primo de Bruno também acusou Macarrão de oferecer dinheiro para matar a atual mulher do jogador, Ingrid Guimarães. “Ele (Macarrão) chegou e perguntou se eu queria ganhar R$ 15 mil. Ele falou: ‘você tem que matar a Ingrid’. Eu falei: ‘só isso?’”, relatou. “Eu falei: ‘mas por que você quer que eu mate ela?’. Ele pegou e falou assim: ‘porque ela não faz bem para o Bruno’”, completou o jovem.

O caso Bruno

Eliza desapareceu no dia 4 de junho de 2010 quando teria saído do Rio de Janeiro para Minas Gerais a convite de Bruno. No ano anterior, a estudante paranaense já havia procurado a polícia para dizer que estava grávida do goleiro e que ele a agrediu para que ela tomasse remédios abortivos. Após o nascimento da criança, Eliza acionou a Justiça para pedir o reconhecimento da paternidade de Bruno.

No dia 24 de junho, a polícia recebeu denúncias anônimas de que Eliza havia sido espancada por Bruno e dois amigos dele até a morte no sítio de propriedade do jogador, localizado em Esmeraldas, na Grande Belo Horizonte. Na noite do dia 25 de junho, a polícia foi ao local e recebeu a informação de que o bebê apontado como filho do atleta, então com 4 meses, estava lá. A então mulher do goleiro, Dayanne Rodrigues do Carmo Souza, negou a presença da criança na propriedade. No entanto, durante depoimento, um dos amigos de Bruno afirmou que havia entregado o menino na casa de uma adolescente no bairro Liberdade, em Ribeirão das Neves, onde foi encontrado.

Enquanto a polícia fazia buscas ao corpo de Eliza seguindo denúncias anônimas, em entrevista a uma rádio no dia 6 de julho, um motorista de ônibus disse que seu sobrinho participou do crime e contou em detalhes como Eliza foi assassinada. O menor citado pelo motorista foi apreendido na casa de Bruno no Rio. Ele é primo do goleiro e, em dois depoimentos, admitiu participação no crime. Segundo a polícia, o jovem de 17 anos relatou que a ex-amante de Bruno foi levada do Rio para Minas, mantida em cativeiro e executada pelo ex-policial civil Marcos Aparecido dos Santos, conhecido como Bola ou Neném, que a estrangulou e esquartejou seu corpo. Ainda segundo o relato, o ex-policial jogou os restos mortais para seus cães.

No dia seguinte, a mulher de Bruno foi presa. Após serem considerados foragidos, o goleiro e seu amigo Luiz Henrique Romão, o Macarrão, acusado de participar do crime, se entregaram à polícia. Pouco depois, Flávio Caetano de Araújo, Wemerson Marques de Souza, o Coxinha Elenilson Vitor da Silva e Sérgio Rosa Sales, outro primo de Bruno, também foram presos por envolvimento no crime. Todos negam participação e se recusaram a prestar depoimento à polícia, decidindo falar apenas em juízo.

No dia 30 de julho, a Polícia de Minas Gerais indiciou todos pelo sequestro e morte de Eliza, sendo que Bruno foi apontado como mandante e executor do crime. Além dos oito que foram presos inicialmente, a investigação apontou a participação de uma namorada do goleiro, Fernanda Gomes Castro, que também foi indiciada e detida. O Ministério Público concordou com o relatório policial e ofereceu denúncia à Justiça, que aceitou e tornou réus todos os envolvidos. O jovem de 17 anos, embora tenha negado em depoimentos posteriores ter visto a morte de Eliza, foi condenado no dia 9 de agosto pela participação no crime e cumprirá medida socioeducativa de internação por prazo indeterminado.

No início de dezembro, Bruno e Macarrão foram condenados pelo sequestro e agressão a Eliza, em outubro de 2009, pela Justiça do Rio. O goleiro pegou quatro anos e seis meses de prisão por cárcere privado, lesão corporal e constrangimento ilegal, e seu amigo, três anos de reclusão por cárcere privado. Em 17 de dezembro, a Justiça mineira decidiu que Bruno, Macarrão, Sérgio Rosa Sales e Bola seriam levados a júri popular por homicídio triplamente qualificado, sendo que o último responderá também por ocultação de cadáver. Dayanne, Fernanda, Elenilson e Wemerson também irão a júri popular, mas por sequestro e cárcere privado. Além disso, a juíza decidiu pela revogação da prisão preventiva dos quatro. Flávio, que já havia sido libertado após ser excluído do pedido de MP para levar os réus a júri popular, foi absolvido. Além disso, nenhum deles responderá pelo crime de corrupção de menores.

No dia 19 de novembro de 2012, foi dado início ao julgamento de Bruno, Bola, Macarrão, Dayanne e Fernanda. Dois dias depois, após mudanças na defesa do goleiro, o tribunal decidiu desmembrar o processo. Bruno será julgado em março junto a outros dois acusados: o ex-policial Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, que é acusado como autor do homicídio, e Dayane Rodrigues do Carmo, ex-mulher do goleiro e acusada de ser cúmplice no crime.

No dia 22 de novembro de 2012, durante depoimento de cinco horas, Macarrão responsabilizou Bruno pelo sumiço de Eliza. Dois dias depois, o júri condenou Luiz Henrique Romão, o Macarrão, a 15 anos de prisão, e Fernanda Gomes de Castro, a cinco anos.

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