Jovem de Santa Maria cria ONG para fiscalizar boates

No dia seguinte ao incêndio na boate Kiss, em Santa Maria, que matou 237 pessoas há uma semana, o estudante Giordano Goellner, de 23 anos – ele próprio frequentador assíduo da casa noturna – disse a si mesmo que não deixaria a tragédia que abalou sua cidade natal passar em branco. Junto com outros sete […]

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No dia seguinte ao incêndio na boate Kiss, em Santa Maria, que matou 237 pessoas há uma semana, o estudante Giordano Goellner, de 23 anos – ele próprio frequentador assíduo da casa noturna – disse a si mesmo que não deixaria a tragédia que abalou sua cidade natal passar em branco.

Junto com outros sete amigos, Goellner, que estuda Administração de Empresas na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), decidiu criar a ONG ‘Andradas Viva’, cujo objetivo é fiscalizar, com a ajuda das redes sociais, locais de grande reunião de público e verificar se tais estabelecimentos estão cumprindo as normas de segurança previstas na legislação.

“Nosso intuito é, com a ajuda de nossos colaboradores, saber se o estabelecimento comercial está adequado às normas básicas de segurança. Para isso, vamos contar com a ajuda da nossa página na Internet e das redes sociais”, diz Goellner à BBC Brasil.

O nome da entidade, ‘Andradas Viva’, faz alusão à rua onde a boate Kiss está localizada, até então um dos principais pontos de encontro de vários jovens da cidade, incluindo inúmeros estudantes da UFSM que morreram no trágico episódio.

Conscientização

Além da fiscalização, que inicialmente se concentrará nas casas noturnas, Goellner explica que também quer conscientizar a população sobre seus direitos e pressionar as autoridades para a alteração de leis que, em sua opinião, estão “atrasadas”.

”Até o incêndio na Kiss, eu, por exemplo, não sabia quais equipamentos de segurança uma boate precisaria ter”, comenta Goellner.

“Também queremos pressionar as autoridades para mudar algumas leis retrógradas, em relação, por exemplo, aos prazos longos que donos de alguns estabelecimentos têm se adequar a certas normas, como alarmes de incêndio”.

SorteGoellner conta que por pouco não foi uma das vítimas da tragédia em Santa Maria. Ele e sua namorada já haviam combinado de ir à Kiss na noite do último sábado, 26 de janeiro, mas mudaram os planos.

“Uma amiga nossa sentiu um mal estar e desistimos de sair”.

Entretanto, vários conhecidos do jovem morreram no incêndio.

Um dos amigos de Goellner, que também é integrante da ONG e estava na boate no dia do incidente, conseguiu sair minutos antes de o fogo começar.

“Ele, porém, perdeu 15 amigos”, lamenta o jovem.

“Não podemos mudar o passado, mas esperamos evitar que, no futuro, tragédias como essa voltem a acontecer”, diz Goellner.

“Queremos transformar nossa revolta em resultado”, afirmou.

Vítimas

A Secretaria Estadual de Saúde do Rio Grande do Sul confirmou que o número de vítimas fatais da tragédia subiu para 237, com o anúncio oficial do óbito de Bruno Portella Fricks, de 22 anos, neste sábado.

Um total de 113 pessoas feridas no incêndio permanecem hospitalizadas, muitas delas em estado grave.

Cerca de quatro mil pessoas se reuniram para uma missa de sétimo dia neste sábado à noite, no Santuário Basílica Nossa Senhora da Medianeira de Todas as Graça, em Santa Maria.

Centenas de pessoas também se reuniram entre a noite de sábado e a madrugada deste domingo para uma vigília silenciosa nas imediações da boate Kiss, no centro de Santa Maria.

No sábado, o prefeito de Santa Maria, anunciou que a casa noturna Kiss será transformada em um memorial para as vítimas.

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