Ibsen diz que foi cassado por falta de peixe graúdo na CPI
Durante as investigações do escândalo dos Anões do Orçamento, em 1993, apenas nomes do “baixo clero” – como são conhecidos os deputados de menor expressão – tiveram os nomes envolvidos na investigação, o que criava um sentimento de impunidade no ar. Se reclamava da falta de um “tubarão” ou “peixe graúdo”, dado o tamanho do […]
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Durante as investigações do escândalo dos Anões do Orçamento, em 1993, apenas nomes do “baixo clero” – como são conhecidos os deputados de menor expressão – tiveram os nomes envolvidos na investigação, o que criava um sentimento de impunidade no ar. Se reclamava da falta de um “tubarão” ou “peixe graúdo”, dado o tamanho do escândalo e da corrupção. E foi nesse contexto que surgiu o nome de Ibsen Pinheiro, que no ano anterior tinha conduzido na presidência da Câmara o impeachment.
Assessores de parlamentares do PT que integravam da CPI do Orçamento, entre eles Waldomiro Diniz (que mais tarde se envolveu em escândalo nos Correios) encontraram indícios de que Ibsen teria movimentado US$ 1 milhão em suas contas. Mas tratava-se de um erro, o valor correto seria de US$ 1 mil, mas já era tarde, e ele foi cassado na Câmara de Deputados. Em 2000 foi inocentado pela Justiça.
Hoje, 20 anos depois do escândalo, Ibsen parece não guardar mágoas, e reflete sobre a situação que levou à sua cassação: exposição midiática (seu nome era lembrado ao se falar sobre a sucessão presidencial) e falta de apoio político semelhante ao de grandes caciques como José Sarney.
“Do meu ponto de vista pessoal, acho que, no momento, eu conjugava características perfeitas para uma cobertura negativa. Primeiro, tinha bastante visibilidade, tinha sido durante quase oito anos líder da bancada de 230 deputados e presidente da Câmara, com alguns episódios muito mercantes nesta trajetória… como líder, conduzi a votação do Plano Collor com grande resistência no Plenário, e como presidente, conduzi o processo de Impeachment, e com essa notoriedade, digamos assim, essa imagem fortalecida que eu deixei na presidência da Câmara não tinha um correspondente político”, diz Ibsen ao lembrar do caso, citando ainda que nunca alimentou “ilusões” de se tornar presidente.
Ao mesmo tempo, diz que não vê culpados na inclusão de seu nome no escândalo, vê o episódio como fruto da situação, “seria muito fácil para mim dizer que algum inimigo plantou isso…. mas no meu caso teve ainda um outro componente. Aquela investigação atingiu basicamente o baixo clero das duas casas, então passava a ideia de impunidade para a a imprensa… e o meu nome cobria essa demanda”, analisa, completando que a única acusação feita contra ele comprovou-se não ser verdadeira. “Uma movimentação correspondente a US$ 1 milhão na minha conta, mas depois se viu que correspondia a US$ 1 mil”.
“Eu lembro que os números contra mim foram fornecidos, soube disso 10 anos depois, pelo notório líder sindical, bancário, Waldomiro Diniz… ele era assessor do José Dirceu, do Mercadante, dentro da CPI, e ele foi quem trouxe a informação: ‘olha, pegamos um peixe graúdo’. US$ 1 milhão lançado em uma conta corrente bancária e ninguém teve o cuidado de ver , isso é US$1 milhão? A quanto corresponde essa moeda? “, diz, Ibsen lembrando José Genoíno lhe pediu desculpas anos depois, quando enfrentava as acusações do Mensalão. “É claro que ai tem, nesse intervalo, o sofrimento dele, e esse sofrimento lhe ensinou que aquele papel que ele desempenhou, potencialmente, também era o papel da vítima que depois ele invocaria”.
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