Figueiró vai solicitar informações sobre estudo ministerial para conter assoreamento no Pantanal

O senador Ruben Figueiró (PSDB-MS) vai apresentar requerimento de informações por meio da Comissão de Desenvolvimento Regional e Turismo sobre o andamento de um estudo ministerial a respeito assoreamento do Rio Traquari. Em 2007, foi criado um Grupo de Trabalho formado por seis Ministérios, entre eles o do Meio Ambiente e da Agricultura, além da […]

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O senador Ruben Figueiró (PSDB-MS) vai apresentar requerimento de informações por meio da Comissão de Desenvolvimento Regional e Turismo sobre o andamento de um estudo ministerial a respeito assoreamento do Rio Traquari. Em 2007, foi criado um Grupo de Trabalho formado por seis Ministérios, entre eles o do Meio Ambiente e da Agricultura, além da Agência Nacional de Águas, entre outros órgãos, para sugerir ações a respeito do problema. O Grupo pesquisou por um ano, mas nenhuma providência concreta foi tomada até hoje. “Por que nada foi feito, os recursos não foram liberados e não houve prosseguimento ao trabalho?”, questionou. “Estamos começando a dar o primeiro passo nesta longa caminhada. Esta luta é antiga e o clamor que vem de todos certamente terá um eco em busca da solução”, afirmou.

A decisão de Figueiró foi tomada durante audiência pública realizada, por iniciativa dele, na Comissão nesta quarta-feira (15), com o objetivo de debater o assoreamento do Rio Taquari e o desenvolvimento sustentável do Pantanal.

O senador Waldemir Moka (PMDB-MS) sugeriu que a Embrapa Pantanal reúna as informações, com previsão de gastos para serem disponibilizados para a recuperação e dragagem do rio. Os dados devem ser apresentados ao Ministro da Integração Nacional. “Vamos estipular o dia 15 de junho para realizar esta reunião com o intuito de entregar os subsídios com projeto e custos. O que não podemos é protelar na busca de solução deste problema seríssimo, que é agudo e precisa de ações urgentes”, disse.

Durante a audiência pública, a chefe geral da Embrapa Pantanal, Emiko Resende, fez uma explanação sobre o problema que ocorre há mais de 30 anos e tem trazido prejuízos sociais, econômicos e ambientais para a região. Segundo Emiko, entre 1975 e 2003 a pecuária perdeu R$ 1,2 milhão de cabeças de gado e o Estado deixou de arrecadar R$ 50 milhões em ICMS e R$ 30 milhões em Funrural. Ela alertou ainda para os prejuízos provocados na fauna e flora, com plantas em risco de extinção e redução da quantidade de peixes, além do desequilíbrio ecológico. “Já temos a inundação permanente de pelo menos três milhões de hectares, não ocorrendo mais o período de seca e cheia, fundamental para garantir o equilíbrio do ecossistema e para a produção pesqueira, além de inviabilizar a pecuária”, alertou Emiko. Segundo ela, há solução a médio prazo para minimizar o assoreamento. “É possível recuperar com a tecnologia já existente, fazendo a manutenção imediata das barrancas do rio, para evitar novos arrombamentos, a dragagem da areia acumulada e a recomposição das margens”.

A chefe geral da Embrapa também alertou para o fato de que o assoreamento já chegou ao rio Paraguai, que está perdendo a navegabilidade. “Se nada for feito, o rio vai parar de funcionar”.

Já o presidente da Associação de Pequenos Produtores do Rio Taquari, no Mato Grosso do Sul, Ruivaldo Neri de Andrade, disse emocionado que “O pantanal está morrendo”.

Problema social

A vereadora da cidade de Corumbá, Cristina Lanza, destacou o êxodo rural entre as consequências da destruição do Pantanal. Segundo ela, muitas famílias migraram para a cidade, onde sofrem com o desemprego. Ela disse que a recuperação da área é fundamental para garantir a sobrevivência econômica e social do município.

Origem

O problema foi causado pela ocupação desordenada da parte alta da bacia, o que gerou erosão e carregamento de terra, formando bancos de areia no leito do rio.

Na década de 1970, o governo federal estimulou a implantação de grandes áreas de lavoura e de pecuária na região, sem que fossem seguidas práticas de conservação de solo ou de preservação de matas ciliares. Isso resultou em erosão, com acentuada perda de solo, carreado para dentro do rio Taquari.

Com o excesso de areia no leito, o rio procura espaço para as águas e acaba por “arrombar” as margens, inundando a área. O problema hoje é que o volume de sedimentos impede o recuo das águas na seca.

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