Especialistas veem Equador mais perto do Mercosul com vitória de Correa
O presidente do Equador, Rafael Correa, foi reeleito neste domingo (17/02) com mais de 50% dos votos. A vitória, ainda no primeiro turno, vai permitir que ele estenda a sua “revolução socialista” a uma década de governo, além de dar mais tempo para as barganhas com os blocos latino-americanos. Mesmo já fazendo parte da Aliança […]
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O presidente do Equador, Rafael Correa, foi reeleito neste domingo (17/02) com mais de 50% dos votos. A vitória, ainda no primeiro turno, vai permitir que ele estenda a sua “revolução socialista” a uma década de governo, além de dar mais tempo para as barganhas com os blocos latino-americanos.
Mesmo já fazendo parte da Aliança Bolivariana para os Povos de Nossa América (Alba), que congrega países de governos socialistas como Venezuela, Cuba, Bolívia, o Equador avalia desde agosto a entrada no Mercosul e deve receber em breve um convite da Aliança do Pacífico – bloco econômico formado por México, Chile, Colômbia e Peru que vai iniciar suas atividades a partir de março deste ano.
Para especialistas, mesmo sendo geograficamente mais próximo da Aliança do Pacífico, do ponto de vista político o Equador está mais perto do Mercosul. “O Equador possui uma identificação maior com os países do Mercosul”, diz o economista Fernando Sarti, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Ele lembra que a Aliança do Pacífico é capitaneada pelo México – país que recebe forte influência dos Estados Unidos. Por essa razão, o alinhamento ao bloco não combina com a atual orientação política equatoriana.
Opinião semelhante tem o professor de história contemporânea Osvaldo Coggiola, da Universidade de São Paulo (USP). “A Aliança do Pacífico reúne três países com governos de direita. Por isso o Equador não está nele, pois está na Alba junto com Chávez e Cuba. É uma questão política”, avalia. “A principal referência política internacional do Equador é a Alba. Mas isso não significa muita coisa em termos financeiros porque os laços econômicos entre Equador, Venezuela e Bolívia são muito escassos”, completa.
O professor Virgílio Arraes, da Universidade de Brasília (UnB), também avalia que o Equador tem uma inclinação política mais próxima ao Mercosul. “Mas, ao mesmo tempo, o país acredita que poderia ter benefícios adicionais participando da Aliança do Pacífico. A diplomacia vai barganhar, mas a tendência seria participar efetivamente de um bloco e entrar no outro como observador”, diz o professor de história contemporânea, lembrando que os Estados Unidos tem uma forte influência no país em função da localização geográfica e do processo histórico.
Para o próximo mandato, Correa terá ainda grandes desafios pela frente. “Internamente, ele tem o desafio de reduzir os índices de desigualdade social. Externamente, conseguir que a diplomacia obtenha os maiores benefícios possíveis dos dois blocos (Mercosul e Aliança do Pacífico)”, conclui Arraes.
Para os especialistas, o Equador é um candidato disputado por causa de suas reservas de petróleo.
Política social graças ao petróleo
Correa ganhou apoio popular entre os pobres por usar os imensos recursos provenientes da extração do petróleo para impulsionar o crescimento econômico e para construir rodovias, hospitais e escolas em áreas rurais usando o lema “Revolução Cidadã”.
Durante a primeira década de 2000, o país teve um boom econômico – não devido ao desenvolvimento de cadeias produtivas, mas principalmente pelo aumento do preço do petróleo. “O principal desafio será ampliar os ganhos sociais diante de um quadro econômico atual desfavorável”, destacou Sarti, da Unicamp.
Em seu novo mandato, ele planeja consolidar os programas sociais, assim como dar um impulso ao setor produtivo para reduzir a dependência econômica do petróleo – o que necessitará de investimentos estrangeiros.
Mas muitos investidores olham com receio para o Equador, já que o país declarou moratória no pagamento de bônus da dívida de 3,2 bilhões de dólares em 2008 e negociou novos termos para os contratos envolvendo empresas petrolíferas.
Mesmo assim, o presidente negocia atualmente contratos de exploração de minérios com firmas canadenses para explorar importantes jazidas de ouro, cobre e prata, além de convocar uma licitação internacional para desenvolver áreas ainda inexploradas no sul do país.
Os meios de comunicação locais também estão na mira de Correa em seu novo mandato. Ele pretender colocar em prática uma nova lei de comunicações para regular conteúdos violentos e impor sanções ao que chama de “práticas ruins”. Críticos veem o presidente como um líder autoritário que vêm podando a liberdade dos meios de comunicação.
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