Empresários dividem terrenos para aglomerar casas e lucrar em Campo Grande

A nova metragem estipulada pelo mercado visa o lucro e atende a famílias que já não pensam tanto em espaço para as crianças brincarem.

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A nova metragem estipulada pelo mercado visa o lucro e atende a famílias que já não pensam tanto em espaço para as crianças brincarem.

Com a expansão da cidade e encarecimento das opções de habitação, surgem em Campo Grande cada dia mais opções de moradias conjugadas: condomínios fechados, casas geminadas ou até independentes em um mesmo terreno.

“Este tipo de moradia é bom para os dois lados. Ao construtor que investe e lucra mais e ao comprador que busca o baixo preço, além da segurança do local”, avalia o presidente do Conselho Regional dos Corretores de Imóveis 14ª Região/MS, Delso José de Souza.

Segundo Delso, hoje em dia comprar um imóvel em um terreno “completo”, sem outras construções, custa em torno de 30% mais caro. “Existe a desvantagem da perda da privacidade, mas com certeza as prestações são menores e isto é o que atrai”, explicou.

Já na visão do presidente do Conselho Estadual de Arquitetura de Urbanismo (CAU/MS), Osvaldo Abrão de Souza, a diminuição dos espaços de moradia não é um novo jeito de morar, mas sim uma nova maneira do empresariado lucrar.

“É a forma moderna do empresariado explorar as necessidades das pessoas. Há os que estão morando às vezes em apenas quartos. É uma redução de qualidade de vida e dos ambientes. Sinceramente não é uma maneira de morar”, criticou Osvaldo.

Além da perda da qualidade, segundo Osvaldo, também há de se preocupar com a urbanização da cidade. “Quando se estrutura a cidade em lotes com dimensões mínimas pressupõe-se que vai haver uma relação equilibrada entre o número de habitantes daquela região com a infraestrutura do local. Mas o capital pregou o alto custo da terra”, concluiu.

O arquiteto e urbanista, Roberto Lopes Correa, trabalha com projetos de moradias deste tipo e também mora em um condomínio fechado com casas independentes. “Além da vantagem da segurança e do custo, a manutenção é bem mais barata”, considerou.

A taxa de ocupação de um terreno residencial é de até 50% dele, sendo os comerciais de até 70% ou 100% em casos específicos (como o quadrilátero central da cidade). “É fato que estes condomínios ou prédios em um mesmo terreno geram um consumo maior da infraestrutura e prejudicam a impermeabilidade do solo, mas como arquiteto avalio que este tipo de moradia é uma tendência mundial”, concluiu.

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