Com nova biblioteca, Centro de Triagem aposta no estímulo à educação e à leitura

Abrir um livro é como abrir a porta para um mundo novo. Com a leitura você ganha conhecimento, escreve e fala melhor, muda seu modo de ver a vida e até mesmo o modo como se relaciona com outras pessoas. Dentro dessa ótica, uma biblioteca foi implantada há pouco mais de dois meses no Centro […]

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Abrir um livro é como abrir a porta para um mundo novo. Com a leitura você ganha conhecimento, escreve e fala melhor, muda seu modo de ver a vida e até mesmo o modo como se relaciona com outras pessoas. Dentro dessa ótica, uma biblioteca foi implantada há pouco mais de dois meses no Centro de Triagem “Anísio Lima” (CT), na Capital, uma das 45 unidades penais da Agência Estadual de Administração Sistema Penitenciário (Agepen).

Apesar do pouco tempo de existência, a biblioteca já conta com mais de 700 obras, tudo fruto de doações, envolvendo gêneros jurídicos, romances, religiosos, de autoajuda, entre outros. “Mas a nossa intenção é ampliarmos tanto o espaço, que ainda é pequeno, quanto a quantidade”, assegura o gestor penitenciário Eduardo Henrique Lyvio, responsável pela iniciativa.

Segundo Lyvio, o novo local é uma necessidade que acompanha o processo de evolução e o maior enfoque que se vem dando à educação formal no CT nos últimos anos. “Hoje temos até internos que cursam nível superior a distância aqui, e a leitura é essencial no processo de aprendizagem”, ressalta.

Outro ponto importante, enfatiza o gestor penitenciário, é o reflexo positivo dessas ações educacionais no comportamento e disciplina dos reeducandos. “No caso da biblioteca, por conta do pouco tempo ainda não é possível perceber quais são as reais mudanças, mas acreditamos que os que aprendem a apreciar a leitura acabam tendo uma disciplina melhor”, comenta.

O diretor do estabelecimento prisional, Rinaldo Pereira Nantes, concorda com essa perspectiva. Na opinião do dirigente, ler é fundamental e auxilia no processo de reinserção social. “Contribui, e muito, com o aprendizado, servindo como um complemento para os apenados que estão estudando, e é uma forma de os que não estudam também adquirirem conhecimento”, afirma.

Entre os que mais fazem empréstimos, Deivid Ferreira Miranda, 30 anos, reforça a tese defendida sobre leitura e comportamento. Ele revela que descobriu no mundo dos livros um incentivo para não se envolver “em conflitos e situações erradas”. “Quando eu estou lendo, eu me sinto na rua, e ocupo a minha mente, é muito bom. Eu dedico pelo menos duas horas por dia à leitura”, garante.

O reeducando conta que o recente prazer em ler, adquirido na prisão, também o está ajudando a superar o abandono da esposa: “Estou encontrando conforto nas poesias”.

Com todos os dados lançados em fichas, a média de livros que são emprestados tem ficado entre 60 e 70 por mês, número considerado positivo pela direção do presídio, já que o efetivo carcerário é de cerca de 140 presos.

Toda a organização da prateleira e controle dos empréstimos é feito pelo custodiado Mahmod da Silva Deghaiche, que já trabalhou como bibliotecário em Corumbá quando estava em liberdade. Para que os detentos tenham acesso ao acervo, é disponibilizada uma lista das obras no pavilhão. “Eles escolhem o livro que querem e eu levo até a eles”, explica. “A maioria procura por jurídicos e de autoajuda”, aponta.

Doações

Para compor o acervo atual, a unidade prisional contou com doação por parte de servidores penitenciários, da Defensoria Pública do Estado e da Comissão Permanente de Cidadania e Direitos Humanos da Câmara de Vereadores de Campo Grande. A mais recente foi realizada pelo Ministério Público Estadual, por meio da promotora Jiskia Sandri Trentin, da 50ª Promotoria de Justiça, que entregou 246 exemplares para compor o acervo.

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