Com chegada do fim de ano, notas baixas e risco de reprovar tiram o sono de alunos
Quarto bimestre chegando e muitos alunos começam a ficar desesperados em melhorar as notas para passar de ano. Afinal, ninguém quer passar as férias na escola. Para Suilene Campos Rodrigues, 44 anos, diretora de uma escola particular, quando o aluno chega nesta época do ano com notas muito baixas, a única forma de recuperar é […]
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Quarto bimestre chegando e muitos alunos começam a ficar desesperados em melhorar as notas para passar de ano. Afinal, ninguém quer passar as férias na escola. Para Suilene Campos Rodrigues, 44 anos, diretora de uma escola particular, quando o aluno chega nesta época do ano com notas muito baixas, a única forma de recuperar é muita dedicação e estudo.
Mas, ela pontua que, em alguns casos, não tem jeito. Quando o aluno está realmente despreparado, precisa reprovar. Suilene, que tem formação em psicologia e pedagogia, explica que o ideal é a escola estar atenta às dificuldades do aluno e não deixar que a situação chegue ao desespero. “Aqui na escola nós observamos os alunos e antes que se chegue a este ponto já intervirmos para evitar isso”, explica.
Para ela, se o aluno está com notas muito baixas é porque tem algo errado. “Se o estudante não está conseguindo aprender, ou é porque veio com uma defasagem do ensino, ou está com algum problema em casa, ou mesmo na escola, com o professor. Por isso, se as notas vêm seguidamente ruins, avaliamos caso a caso para encontrar uma solução”, explica.
Estes foram os casos de alguns estudantes da escola. Natália, 13 anos, do 9⁰ ano, conta que veio de uma outra escola em que o ensino era menos puxado. A deficiência do aprendizado foi logo mostrada nas primeiras provas. Ela conta que nos primeiros exames mensais as notas chegaram a um, dois e meio, e o desespero já bateu. Nas bimestrais a história se repetiu.
Foi quando a escola conversou e identificou o problema. “Eu tinha dificuldade em aprender. Ai comecei a fazer aula de reforço escolar, estudar mais em casa e as notas melhoraram. Agora já tiro cinco, sete”, comemora, lembrando que pelo menos a média conseguiu atingir.
Colega de sala da adolescente, Maria Eduarda, de 14 anos, diz que o excesso de confiança foi o vilão das notas baixas. “Eu achava que só estudando na escola, sem estudar em casa era o suficiente. Ai a nota começou a cair e com isso meus pais cortaram tudo. Fiquei sem celular, sem internet e sem mesada”, revela.
Sem dinheiro para se divertir com os amigos e sem o celular, Maria Eduarda correu atrás. Ela fez uma programação de estudos diários e os resultados começaram a aparecer.
Quem também confiava de mais no próprio taco é Mackson, 14 anos. Ele conta que o professor explica e ele achava que era o suficiente, que não precisa fazer as tarefas e estudar em casa. Na hora da prova, o erro apareceu. “Eu achava fácil e não me dedicava ai comecei a tirar nota ruim. Agora, estudando minha nota passou de cinco para nove”, se vangloria.
Para o professor de matemática, Carlos Kenji Nakamura, 31 anos, o problema dos alunos estava na falta de dedicação. Ele conta que para que seus alunos aprendam de verdade não hesita em cobrar. “Faço uma prova difícil para que eles tenham que se dedicar. Não adianta fazer prova fácil para eles terem nota boa. A prova tem que cobrar mesmo o que foi ensinado, porque ai eles vão se preocupar em estudar diariamente”, diz.
O professor lembra que os alunos que tinham dificuldade começaram a se dedicar e melhoraram muito as notas. Para dar uma força ele dá trabalhos escolares, avalia o caderno de tarefas e o aluno que se dedica sai na frente. Assim, mesmo se teve uma nota mais baixa, mas se esforçou para aprender é reconhecido. “É uma forma do aluno dedicado melhorar a nota”, diz.
Para a diretora o caminho é esse: dedicação. Por isso, segundo ela, mesmo aqueles alunos que vêm com nota baixa têm como melhorar se estudarem de verdade. “Quem se programar, estudar, fazer e refazer exercícios, não ter preguiça para estudar, consegue recuperar. A única forma de termos sucesso é com esforço. Quem se preparar e se dedicar consegue vencer qualquer obstáculo”, finaliza.
É preciso esforço
Suilene revela que é preciso ensinar aos estudantes desde o início que o certo é ser esforçado, se dedicar, pois este é o caminho do sucesso. Ela lembra que no nosso país ainda se aplaude a cultura do mais esperto, de tirar vantagem, e que isso precisa acabar.
Preocupada com a formação dos alunos de sua escola, a diretora revela que desde muito cedo os estudantes são instigados a se importarem com valores adormecidos na nossa sociedade. “É preciso internalizar valores que já não são mais ensinados, que já não são mais cobrados. Isso precisa ser ensinado desde muito cedo, na educação infantil que é a base de tudo”, diz.
Suilene defende que as pessoas precisam ter orgulho do esforço, da persistência. E que na vida é preciso ser assim para alcançar o sucesso. “Ensinamos que é preciso se esforçar para conseguir qualquer coisa na vida. O nosso desafio é fazer o estudante entender isso. Entender seu próprio papel e a importância de ter autonomia para gerenciar a própria vida, as próprias escolhas”, explica.
Para isso, a escola, ainda no ensino básico, promove oficinas com os pais dos alunos, onde cada pai palpita o caminho ideal da formação dos alunos. O trabalho em conjunto tem como objetivo traçar como a escola vai ajudar nesta formação. “Queremos preparar aluno que se auto-gerencie, que saibam escolher o que é melhor para si. Que saibam determinar os objetivos que querem para a própria vida”, finaliza.
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