Clima chuvoso eleva casos de ferrugem da soja no Brasil
Um dezembro mais chuvoso nas principais regiões produtoras de soja no Brasil está aumentando o número de casos de ferrugem asiática, uma doença fúngica que tem o poder de derrubar a produtividade das lavouras, obrigando os produtores a dividirem as atenções até então focadas na lagarta exótica Helicoverpa armigera, alertaram especialistas. O número de registros […]
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Um dezembro mais chuvoso nas principais regiões produtoras de soja no Brasil está aumentando o número de casos de ferrugem asiática, uma doença fúngica que tem o poder de derrubar a produtividade das lavouras, obrigando os produtores a dividirem as atenções até então focadas na lagarta exótica Helicoverpa armigera, alertaram especialistas.
O número de registros até o momento nesta temporada 2013/14 é de 37, com maior incidência em Goiás e São Paulo, mas com casos também em Mato Grosso, Paraná e Minas Gerais.
A extensão atual da doença é 37 por cento maior que no mesmo momento da safra passada (2012/13) e 185 por cento maior que em 2011/12.
“Foi mais cedo que nos últimos três anos e está bem generalizado. Inclusive apareceu em áreas onde já foi feita aplicação preventiva de fungicida”, disse o professor Luís Henrique Carregal, da Universidade de Rio Verde (GO), um especialista na doença.
Dados da Somar Meteorologia mostram que em algumas regiões de Mato Grosso e Goiás já choveu mais de 200 milímetros em dezembro, contra praticamente nenhuma chuva em dezembro de 2012.
“Tivemos uma grande seca em dezembro do ano passado, que suprimiu a pressão de ferrugem”, disse o agrometerologista Marco Antônio dos Santos, da Somar.
A ferrugem é provocada por um fungo que se prolifera com mais facilidade em ambientes úmidos e quentes. Quando não há combate, os esporos causadores da doença passam facilmente de uma lavoura para a outra pelo ar.
O fungo, que apareceu no Brasil há cerca de dez anos, tem grande potencial de causar perdas de produtividade, com a desfolha precoce das plantas.
A estimativa de entidades ligadas a produtores em Mato Grosso é que a ferrugem causou perdas de 5 sacas por hectare em média no Estado na última safra, ante uma produtividade registrada na casa de 50 sacas por hectare.
“O que preocupa são as condições climáticas atuais e futuras, que sinalizam que a gente vai ter chuva”, disse o pesquisador Ivan Pedro, da Fundação de Apoio à Pesquisa Agropecuária de Mato Grosso.
FOCO NA LAGARTA
A safra 2013/14 começou com os produtores rurais de todo o Brasil muito focados na Helicoverpa armigera, uma lagarta exótica que surgiu no país na temporada passada, atacando com força e causando prejuízos em lavouras de soja, milho e algodão.
“O produtor ficou um pouco mais tranquilo em relação à ferrugem e a atenção ficou mais voltada para a lagarta, que é o problema do momento”, afirmou Ivan Pedro.
Ao contrário da ferrugem, a proliferação das lagartas é dificultada pelo clima chuvoso.
O plantio de soja no centro-sul do Brasil já chega a 94,4 por cento da área prevista, segundo dados da consultoria Clarivi divulgados nesta segunda-feira.
Cerca de 60 por cento das lavouras estão em fase de germinação e desenvolvimento, 25 por cento em floração e 7 por cento –variedades mais precoces– já avançam à fase de enchimento de grãos.
“Nessas primeiras variedades, de ciclo precoce, na fase de enchimento de grão, o produtor às vezes não faz o controle ideal”, disse Pedro, lembrando que nestes casos há repercussão também para as lavouras de ciclo tardio, que já crescem num ambiente com a presença do fungo da ferrugem.
Para Carregal, de Goiás, “o produtor se preocupou muito com a lagarta e se descuidou das doenças”.
O professor diz que o impacto para a produtividade depende das ações de combate por parte dos produtores e do comportamento do clima.
“Mas a tendência é de mais prejuízo este ano”, afirmou.
Cada aplicação de fungicida, incluindo todas as despesas com combustíveis e mão-de-obra, pode custar o equivalente a uma saca de soja por hectare, na estimativa da Universidade de Rio Verde.
“O pessoal tinha expectativa de fazer duas aplicações, mas eu acho que vai ser mais do que três”, avaliou Carregal.
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