Caso cartel surpreende pela capacidade de produzir fatos novos

O escândalo do cartel nos contratos da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos de São Paulo (CPTM) envolvendo diversos governos tucanos (Mário Covas, Geraldo Alckmin e José Serra) surpreende pela capacidade de produzir fatos novos com a mesma intensidade do início da denúncia, quando a Siemens, que também participou do cartel, resolver fazer uma espécie de […]

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O escândalo do cartel nos contratos da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos de São Paulo (CPTM) envolvendo diversos governos tucanos (Mário Covas, Geraldo Alckmin e José Serra) surpreende pela capacidade de produzir fatos novos com a mesma intensidade do início da denúncia, quando a Siemens, que também participou do cartel, resolver fazer uma espécie de delação premiada. Recentemente o procurador Rodrigo de Grandis justificou a perda do prazo de cooperação com as autoridades suíças afirmando que havia arquivado numa pasta errada os ofícios do Ministério da Justiça que continham os pedidos de cooperação sobre o cartel da CPTM.

Em matéria publicada pela revista Isto É desta semana, o procurador Rodrigo de Grandis engavetou desde 2010 não apenas um, como se divulgou inicialmente, mas oito ofícios do Ministério da Justiça com seguidos pedidos de cooperação feitos por autoridades suíças interessadas na apuração que teve a participação da alemã Siemens e a francesa Alstom.

O procurador, segundo a matéria, também foi contatado por e-mail, teve longas conversas telefônicas com autoridades em Brasília e solicitou remessas de documentos. Na semana passada, soube-se que, devido à falta de cooperação brasileira, o Ministério Público suíço decidiu arquivar a investigação contra três dos acusados de distribuir propina a políticos tucanos e funcionários públicos.

De acordo com a matéria da Isto É, no mês passado, um integrante do Ministério Público Federal de São Paulo chegou a denunciar a seus superiores que a conduta de De Grandis “paralisou” por dois anos e meio a apuração contra os caciques tucanos. As razões que o levaram a engavetar o caso agora serão alvo do procurador-geral, Rodrigo Janot, e da Corregedoria do Conselho Nacional do Ministério Público, que abriu uma queixa disciplinar contra De Grandis.

Na semana passada, o jornal Folha de São Paulo, em editorial intitulado “O trem tucano”, também citava Rodrigo de Grandis e afirmava que tornavam-se cada vez mais comprometedoras as notícias em torno da CPTM e seus contratos milionários. As suspeitas, afirmava o jornal, incidem sobre sucessivos governos tucanos no Estado.

Nenhuma investigação foi feita, afirma o editorial, ressaltando que o motivo alegado para a omissão é de molde a desafiar a credulidade até mesmo dos mais ingênuos. É que o pedido vindo da Suíça foi arquivado numa pasta errada. Assim declara o responsável pelas investigações no Brasil, o procurador Rodrigo de Grandis.

O editorial ressalta ainda que não bastassem as notórias dificuldades brasileiras para julgar, condenar e aplicar penas aos suspeitos de corrupção, vê-se, no caso Alstom, a intervenção de um fator acabrunhante: o engavetamento puro e simples. Desaparece o pedido, perde-se o prazo, enterra-se o assunto, reconhece-se a “falha administrativa”. Que não fique por isso mesmo, para que o trem tucano não prossiga até a muito conhecida estação chamada Impunidade.

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