Aldeias indígenas do interior do estado podem ganhar para-raios

Os três casos de indígenas que morreram eletrocutados por raios em aldeias de Dourados e Caarapó, preocupam as autoridades locais. Em entrevista ao Dourados Agora nesta quinta-feira, o vereador douradense Aguilera de Souza, presidente da Associação dos Vereadores Indígenas de Mato Grosso do Sul, afirmou que o grupo estuda a possibilidade da instalação de para-raios […]

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Os três casos de indígenas que morreram eletrocutados por raios em aldeias de Dourados e Caarapó, preocupam as autoridades locais. Em entrevista ao Dourados Agora nesta quinta-feira, o vereador douradense Aguilera de Souza, presidente da Associação dos Vereadores Indígenas de Mato Grosso do Sul, afirmou que o grupo estuda a possibilidade da instalação de para-raios nas reservas da região.

O assunto será discutido durante uma reunião entre os parlamentares que deve ocorrer na próxima semana, com local ainda a ser definido. “Nós detectamos esses problemas e vamos tentar implantar os para-raios, já que indígenas, não sé de Dourados e Caarapó, mas também de outras cidades como Amambai, por exemplo, estão perdendo a vida assim. Por isso é preciso uma medida urgente”, disse.

Segundo ele, pelo menos dois devem ser instalados inicialmente. “Pretendemos realizar um estudo que vai apontar quais as áreas de maior risco. Vários dos nossos irmãos trafegam pelos campos abertos que hoje substituem as matas, o que aumenta ainda mais o perigo. Uma antena dessas já cobre boa extensão das aldeias. Vamos entrar em contato com outras autoridades, para discutirmos a possibilidade de instalação inicial de pelo menos dois para-raios”, comentou Aguilera.

Mortes

O mês de outubro registrou até agora três mortes de indígenas por raios na região sul de Mato Grosso do Sul. O primeiro caso ocorreu no dia 13, em Dourados. Na ocasião, o adolescente Alexandre Flores da Silva, de 16 anos, que vivia na aldeia Bororó, foi atingido por uma descarga elétrica enquanto transitava pelo anel viário, na carona de uma bicicleta conduzida por uma pessoa de 22 anos que não se feriu. Alexandre chegou a ser socorrido por uma equipe do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), mas morreu no local.

Os outros dois acidentes foram em Caarapó, no último dia 21. Idalecio Roque, de 68 anos, estava em frente da casa onde morava com a esposa na aldeia Tey’Kuê, quando um raio o acertou; ele acabou morrendo, mas a mulher não se feriu. Em outro ponto da reserva, dois adolescentes que dormiam em uma casa de madeira também foram atingidos por um raio. Fabrício da Silva, de 16 anos, morreu na hora. O outro menor foi socorrido por uma equipe da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), sendo encaminhado a um hospital local.

Incidência de Raios

Segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), o Mato Grosso do Sul é o quarto Estado brasileiro que registra o maior número de mortes provocadas por raios, e o terceiro em incidência de descargas elétricas. A média aponta que há queda de 11,88 milhões de raio por ano. Nos últimos dez anos, foram contabilizadas 102 mortes do tipo.

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