Adaptada ao brasileiro, chipa ganha do pão de queijo na preferência do campo-grandense
A chipa é um panificado de origem paraguaia que usa basicamente queijo e polvilho na receita. As semelhanças com o pão de queijo, tipicamente brasileiro, tornaram os dois produtos concorrentes pelo gosto nas padarias e conveniências de Campo Grande. Quem entende do assunto, diz que a chipa mudou muito para se adaptar ao paladar brasileiro […]
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A chipa é um panificado de origem paraguaia que usa basicamente queijo e polvilho na receita. As semelhanças com o pão de queijo, tipicamente brasileiro, tornaram os dois produtos concorrentes pelo gosto nas padarias e conveniências de Campo Grande. Quem entende do assunto, diz que a chipa mudou muito para se adaptar ao paladar brasileiro e ganha do adversário mineiro.
Mesmo com a concorrência acirrada do pão de queijo no balcão, ela continua sendo a queridinha do paladar dos sul-mato-grossenses. Funcionária de uma grande loja de conveniência no centro de Campo Grande, Nilza Cardoso do Nascimento, 37 anos, revela que na hora que a chipa sai do forno não tem para ninguém. É a estrela dos salgados.
“É o nosso carro chefe. Todo mundo que vem, passa por aqui e compra uma chipa. Seja para comer em seguida ou levar para casa”, revela.
O segredo, segundo ela, é a qualidade do produto. “Acho que é sucesso por causa do sabor. A gente faz com queijo caipira mesmo. É muito boa. Tem lugar por ai que quando você vai comer a chipa esfarela, aqui não”, diz.
Sul-mato-grossense, Nilza lembra que o gosto da chipa mudou muito ao longo dos anos. A verdadeira chipa paraguaia já não se vê mais. “Quando eu era criança, a gente viajava muito de trem. E a chipa era vendida nos cestos. Era bem diferente de hoje, inclusive o sabor”, conta.
Imitação
Para ela, a mudança foi acontecendo ao longo dos anos para se adaptar ao paladar das pessoas que foi mudando com o tempo. Dono de uma pastelaria no Mercadão, Marco Antônio Arakaki, 43 anos, concorda. Para ele, a verdadeira receita da chipa paraguaia não se usa mais. “Hoje é uma imitação”, diz.
Na lanchonete dele, a chipa divide espaço com o pão de queijo. “Aqui têm os dois. Tem dia que sai mais chipa, outro sai mais pão de queijo. Não sei dizer qual sai mais. Porque vamos produzindo conforme a saída”, revela.
Ele lembra ainda, que a receita da chipa e do pão de queijo, para quem pensa que é a mesma coisa, é bem diferente. E por isso, cada um agrada um tipo de freguês.
O padeiro Jairo Pereira Costa, 41 anos, confirma. Ele explica que na chipa o polvilho doce é usado para dar o ponto da massa. Diferente do pão de queijo que usa apenas o polvilho doce. “Quando a gente bate a massa, geralmente fazemos uns 15 quilos. Para essa receita são dois quilos de polvilho doce, para dar o ponto”, explica.
Chipa no cesto
Fã incondicional da chipa, Norma Gandur, 48 anos, comerciante, conta que costumava ir para Maracaju e no caminho comprava a verdadeira chipa na estrada. Hoje, ela diz, que não vê mais as chipas nas rodovias. “Até início dos anos 90 a gente via as paraguaias vendendo chipas nas rodoviárias, nas estradas. Hoje não tem mais. Até para comer na cidade, às vezes, tem que procurar. Ir ao lugar certo, senão não acha”, diz.
Questionada se prefere a chipa ou o pão de queijo diz: sem sombra de dúvida que é a chipa. Mas, muitas vezes quando sinto vontade faço em casa, porque não tem mais em todo lugar.
Já a paulista Luzia Barbosa, 51 anos, estudante de técnica em meio ambiente, escolhe o produto típico de Minas Gerais. “O pão de queijo é muito mais gostoso. Mais macio, suculento. Conheci a chipa há uns quatro anos só e prefiro o pão de queijo”, se justifica.
Chique versus popular
Vendedor de pão de queijo e fabricante de chipa, Reginaldo de Lima Silva, 38 anos, revela que o gosto vai muito do público. Ele conta que quando oferece os produtos em cafeterias e padarias mais chiques o pão de queijo tem ligeira vantagem.
Mas, no geral, a chipa é arrasadora. “O gosto da chipa agrada mais. Vendo bem mais chipa que pão de queijo. Mas, em lugares muito finos, o pão de queijo é o preferido”, diz o empresário que confessa: “Eu gosto mais da chipa. O gosto é mais popular”.
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