Adão: a história do pai que virou mãe de quatro crianças há três anos

Quando ficou sozinho com as crianças o filho mais novo não tinha nem um ano de idade, conta emocionado o pai.

Ouvir Notícia Pausar Notícia
Compartilhar

Quando ficou sozinho com as crianças o filho mais novo não tinha nem um ano de idade, conta emocionado o pai.

Adão Gamarro, de 48 anos, é marceneiro e conhecido na Vila Jussara por carregar sozinho os quatro filhos de 9, 7, 6 e 5 anos na bicicleta logo pela manhã, bem cedo. A rotina do pai que virou mãe há três anos e meio é bastante puxada, mas feliz.

Encontramos com ele no fim de mais um dia longo, chegando em casa para descansar. Cercado pelos meninos, que não o largam nenhum segundo, Adão conta um pouco da sua história.

“No início, quando a mãe deles foi embora, foi mais difícil. O Yann, mais novo, não tinha nem um ano. Mas a gente vai aprendendo a lidar com a situação”, conta. Ele deixou emprego fixo, comprou uma Kombi e começou a trabalhar autônomo para ter tempo para as crianças.

Com queda na renda e sem conseguir fazer manutenção no veículo, Adão teve que comprar uma bicicleta para carregar as crianças e trabalhar. Ele a adaptou para levar os quatro para a escola e fazer pequenas manutenções enquanto os meninos estão fazendo aula de karatê, xadrez, futebol de salão ou pingue-pongue.

“Fico preocupado e quero que eles tenham muitas atividades para não se misturarem com a malandragem. As atividades na escola ajudam porque me sobra tempo para trabalhar. Sei que lá eles ficam bem”.

Sem ter tido muito tempo livre para ficar com as duas filhas mais velhas, de outro relacionamento, o pai lembra que apesar da dificuldade, aprendeu com os momentos difíceis da vida.

“Tudo era muito difícil no começo. Eu estava sozinho para cuidar deles e fazer tudo. Mas graças a Deus eles são educados e maravilhosos, nunca nem ficaram doentes. Para mim, passar o tempo com eles é a melhor coisa do mundo”.

Na casa pequena, de três cômodos, o ‘pãe’ separou um quarto para as crianças, que dormem em um beliche, e uma cozinha e o próprio quarto. Como a TV das crianças quebrou, ele passa a noite cercado pelos meninos.

Adan, Samuel, Davi e Yann pulam e falam o tempo todo, mas logo que o pai pede por silêncio em um tom de voz bem baixo, eles obedecem. “Eles são bem comportados e a gente se dá bem”.

Logo de manhã, Adão acorda às 5h30 para fazer mamadeira para todos eles, um hábito que ele por enquanto não pensa em tirar das crianças. “Eu faço para um e todos querem, então eu deixo”.

Depois do café, ele acorda todos e leva os três mais velhos para o reforço escolar e o mais novo para a creche. “Por volta de 10h vou buscá-los. Aí faço o almoço, eles tomam banho e vão para a escola”.

Aos finais de semana, sobra o domingo para passarem juntos. “Sábado também tem atividade na escola, então domingo a gente passa junto. Vamos jogar bola, soltar pipa, ir à praça. Mas temos um ‘pipeiro’ aqui que só quer ir soltar pipa”, brinca.

Segunda-feira a rotina de Adão, o pai e mãe, continua. Mesmo com sonhos que por enquanto não consegue realizar, como montar uma loja de móveis usados, ele segue feliz com as crianças. “Eles são tudo para mim e nenhum dá mais trabalho que o outro, tenho muita sorte”, finaliza.

Conteúdos relacionados