Velório de Niemeyer atrai 4.000 pessoas, tem protesto e presença de ‘pioneiros’
O velório de Oscar Niemeyer em Brasília atraiu cerca de 4.000 pessoas, segundo a assessoria de imprensa da Presidência da República, que foram se despedir do arquiteto nesta quinta-feira (6) no Palácio do Planalto, incluindo diversos “pioneiros”, como é chamado quem participou da construção de Brasília. A solenidade também foi alvo de um protesto de […]
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O velório de Oscar Niemeyer em Brasília atraiu cerca de 4.000 pessoas, segundo a assessoria de imprensa da Presidência da República, que foram se despedir do arquiteto nesta quinta-feira (6) no Palácio do Planalto, incluindo diversos “pioneiros”, como é chamado quem participou da construção de Brasília.
A solenidade também foi alvo de um protesto de um grupo contrário a um projeto de lei que descaracterizaria o projeto original da cidade e poria em risco o título da cidade de Patrimônio da Humanidade, concedido pela Unesco.
Com cartazes escritos à mão e cantando trechos da cantiga popular “Peixe Vivo” (“Como poderei viver, como poderei viver, sem a tua, sem a tua companhia…”), os manifestantes criticavam um projeto enviado pelo governador Agnelo Queiroz (PT-DF) enviado à Câmara Legislativa do Distrito Federal que permite construir mais obras no Plano Piloto.
“Esse projeto muda as leis de preservação de Brasília, muda os gabaritos, aumenta o potencial construtivo dos prédios de Brasília”, disse Leiliane Rebouças, representante do grupo intitulado Movimento de Defesa de Brasília, que reúne 15 entidades.
“O projeto altera várias quadras de Brasília: onde tem áreas verdes, quer que se construa prédios e estacionamentos, o que acaba com a escala bucólica da nossa cidade”, afirmou. “[O projeto] não segue as recomendações Unesco. É uma afronta ao dr. Niemeyer.”
O arquiteto morreu em decorrência de problemas respiratórios. Ele estava internado no Hospital Samaritano desde o dia 2 de novembro devido a complicações renais e desidratação.
O enterro deve ocorrer nesta sexta (7), no cemitério São João Batista, em Botafogo, no Rio.
Público
A fila das pessoas que queriam se despedir do arquiteto pessoalmente começou a se formar antes mesmo de o caixão chegar no Palácio do Planalto, em torno das 15h30. O acesso do público ao Salão Nobre foi liberado por volta das 16h30.
O pioneiro Tomás Mendes Vieira Neto, 76, foi um dos primeiros a ver de perto o arquiteto. Muito emocionado, ele conta que chegou a Brasília em 11 de abril de 1958, vindo de Floriano (PI), e participou da construção de algumas obras da cidade. Certa vez, diz ter tido um breve contato com Niemeyer quando ele visitou o canteiro de obras onde Vieira Neto trabalhava. “Ele perguntou: ‘vamos inaugurar dia 21 de abril?’. Eu respondi que poderia contar com esse peão.”
O jornalista sueco Erik Jennische, que trabalha há dois anos no Brasil, também fez questão de prestar uma última homenagem a Niemeyer. “Estar aqui é uma honra, porque a importância dele é mundial. Brasília é uma cidade muito bela.”
Homenagens
A presidenta Dilma Rousseff decretou luto oficial de sete dias pela morte de Oscar Niemeyer. As informações foram divulgadas pelo Palácio do Planalto. Durante o luto oficial, a bandeira nacional é hasteada a meio mastro em todas as repartições públicas do governo que a decretou (federal, estadual ou municipal). Além disso, coloca-se um laço de crepe na ponta da lança se ela estiver sendo conduzida em alguma cerimônia.
Na chegada ao Palácio, o corpo foi recebido pela presidenta Dilma com a guarda de 48 Dragões da Independência. A presidente ficou ao lado da viúva do arquiteto, Vera Niemeyer, e deixou o local por volta de 16h15, acompanhada da ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann.
A sessão plenária do Senado desta quinta-feira foi suspensa a pedido do presidente da Casa, José Sarney, para que os senadores possam prestar suas homenagens .
“O Brasil morre um pouco com Niemeyer, e Niemeyer permanece vivo no coração de todos brasileiros”, disse o senador Francisco Dornelles (PP-RJ).
A Câmara dos Deputados exibiu fotos do arquiteto nos painéis do Plenário Ulisses Guimarães, antes do início da sessão solene que devolveu, simbolicamente, os mandatos de 173 deputados federais cassados entre 1964 e 1977, durante o regime militar (1984-1985).
“Neste momento, estamos com o coração apertado pela perda de um gênio da arquitetura e do humanismo. Brasília tem uma identidade muito forte com Niemeyer e inúmeras obras deixadas por ele”, disse o governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz.
O também será homenageado pelo CAU-BR (Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil), em solenidade no próximo dia 19, na capital federal. O evento vai comemorar o Dia do Arquiteto e Urbanista, celebrado em 15 de dezembro, quando Niemeyer completaria 105 anos.
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