UFPR lança livro em língua terena em MS; obra aborda temática ambiental

A segunda edição do livro O Saci Assobiador – Kali Héui Húmikoti, que reúne estórias em língua portuguesa e terena, será lançada na Aldeia Lagoinhas no próximo sábado (22), no município de Aquidauana, em Mato Grosso do Sul. A obra é um dos resultados das ações realizadas pelo Programa de Educação Ambiental (PEA) do projeto […]

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A segunda edição do livro O Saci Assobiador – Kali Héui Húmikoti, que reúne estórias em língua portuguesa e terena, será lançada na Aldeia Lagoinhas no próximo sábado (22), no município de Aquidauana, em Mato Grosso do Sul. A obra é um dos resultados das ações realizadas pelo Programa de Educação Ambiental (PEA) do projeto BR 262 – Faço parte deste caminho, desenvolvido em paralelo às obras de recuperação de pista e implantação de acostamentos na BR 262, no trecho entre Anastácio e Corumbá. O projeto é realizado desde 2011 pelo Instituto Tecnológico de Transportes e Infraestrutura da Universidade Federal do Paraná (ITTI-UFPR) em parceria com o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT).

A obra é o segundo volume da coleção Decompondo o Saci, que utiliza as diferentes lendas e estórias deste símbolo do folclore brasileiro para discutir problemas ambientais, como o desmatamento e o atropelamento da fauna. “O livro usa elementos da cultura nacional para chamar atenção para questões ambientais. Por exemplo, há um texto que explica que o saci não existe mais na região por causa do desmatamento que a floresta sofreu”, explica a professora do Departamento de Teoria e Prática de Ensino do Setor de Educação da UFPR e organizadora do livro, Christiane Gioppo.

O volume da coleção conta com a coautoria de mais de 150 professores da rede pública de ensino dos três municípios contemplados pelas obras e foi produzido após duas etapas presenciais. A primeira delas, ocorrida em fevereiro, teve como objetivo instigar os profissionais de educação, mediante a produção de fotografias, a aguçar e multiplicar junto com seus respectivos estudantes a percepção ambiental. Durante três meses, os professores aplicaram as oficinas junto aos alunos, até que no último mês de maio houve uma exposição.

Professores das aldeias Passarinho e Moreira que participaram do programa escreveram versões da lenda do Saci, buscando relações com o Pantanal. Em quase todas elas há destaque para os assobios, já que na etnia terena, o saci é conhecido como assobiador, por causa do barulho que os terenas dizem que ele faz.

A nova edição conta ainda com uma história inédita, escrita pela professora Matilde Miguel em conjunto com seus alunos, todos da etnia terena e moradores da Aldeia Lagoinhas.

A tradução do livro para a língua indígena foi feita pelos professores Fernando Moreira e Cristiane Vertelino Marques, ambos moradores da aldeia Lagoinhas. Para a professora Cristiane, a relevância do livro bilíngue é fundamental para as crianças terenas. “A maioria das aldeias já está mais envolvida no mundo não-indígena. A nossa ainda é falante da língua terena, mas temos que preparar nossos alunos para a vida lá fora, por isso ensinamos as duas línguas para todos os moradores”, explica a docente.

A aldeia está com grandes expectativas pela entrega do livro concluído. “Nós não temos nenhum livro publicado em língua terena, por isso todos têm grandes expectativas com essa publicação. Esse material vai ser muito utilizado tanto pelas turmas mais iniciais quanto as finais”, ressalta a professora Cristiane.

Segundo a professora Gioppo, o apoio da comunidade de Aquidauana foi imprescindível para a realização da obra na versão indígena: “Graças à mediação do radialista Leonel Ramos, da Rádio Pantaneira AM 710, pudemos conhecer o cacique Alcery Marques, da Aldeia Lagoinha, responsável pela versão do texto em terena”.

Programa de Educação Ambiental

O PEA é um dos 15 programas da gestão ambiental que ocorrem durante as obras de recuperação de pista e implantação de acostamentos na BR 262, no trecho entre Anastácio e Corumbá. A série de programas socioambientais é executada na região pela UFPR, por meio do ITTI. A Universidade é parceira da Coordenação Geral de Meio Ambiente do DNIT, responsável pelo empreendimento.

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