Trabalhadores dos Correios decidem sobre greve; empresa ameaça cortar ponto
Os cerca de 115 mil trabalhadores da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) decidem nos próximos dias sobre a possibilidade de entrarem em greve. Dos 35 sindicatos da categoria, 16 fazem assembleias na noite de hoje (10). Outros sete, amanhã (11). Embora o calendário de mobilização da Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de […]
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Os cerca de 115 mil trabalhadores da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) decidem nos próximos dias sobre a possibilidade de entrarem em greve. Dos 35 sindicatos da categoria, 16 fazem assembleias na noite de hoje (10). Outros sete, amanhã (11).
Embora o calendário de mobilização da Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Correios, Telégrafos e Similares (Fentect) aponte para o início de uma paralisação nacional por tempo indeterminado a partir desta terça-feira, a avaliação da própria entidade é que a maioria das assembleias adie a decisão para dia 18.
“A Fentect orientou para a greve a partir de amanhã, mas cada sindicato tem sua autonomia”, disse James Magalhães de Azevedo, secretário de Imprensa da Fentect, em entrevista à Agência Brasil. “A certeza é que todos as assembleias irão recusar a proposta da empresa, mesmo aquelas que eventualmente não aprovem a entrada em greve amanhã.”
O secretário-geral do Sindicato dos Trabalhadores nos Correios do Paraná (Sintcom-PR), Luiz Antonio de Souza, disse à Agência Brasil que, em um balanço preliminar feito na tarde de hoje, a entidade avalia que pelo menos 19 sindicatos devem adiar a decisão sobre a entrada em greve para novas assembleias no próximo dia 18, com o início da greve para o dia seguinte. “Pela nossa leitura, há certeza apenas de que Minas Gerais e Rio Grande do Sul aprovarão greve hoje à noite.”
Entre os estados que não devem aprovar a greve esta semana estão São Paulo e Rio de Janeiro, que, juntos, detêm cerca de 40% dos funcionários dos Correios. “Pesa, claro que pesa [o fato de RJ e SP não apoiarem a greve], mas na contagem são apenas dois sindicatos”, minimiza Azevedo. “A greve tem que ser unificada, senão todo mundo sai perdendo”, avalia Souza. Para a categoria fechar acordo coletivo, é exigida a aprovação de, ao menos, dois terços dos 35 sindicatos.
O comando de negociação da Fentect reivindica 43,7% de reajuste, R$ 200 de aumento linear e piso salarial de R$ 2,5 mil. Quatro sindicatos dissidentes (São Paulo, Rio de Janeiro, Tocantins e Bauru), que se desfiliaram da federação, reivindicam 5,2% de reposição, 5% de aumento real e reajuste linear de R$ 100. O salário-base inicial de carteiros, atendentes comerciais e operadores de triagem e transbordo é R$ 942.
Na última quarta-feira, os Correios elevaram de 3% para 5,2% a sua proposta de reajuste salarial . O mesmo percentual seria aplicado a benefícios como vale-alimentação e auxílio-creche. Pela proposta, o salário-base inicial de carteiros, atendentes comerciais e operadores de triagem e transbordo passaria de R$ 942 para R$ 991.
Em nota, os Correios afirmam que irão efetuar o desconto salarial dos trabalhadores que aderirem à greve. “Devemos ser responsáveis. O Brasil confia em nós. A proposta da empresa é melhor do que qualquer outra que venha a ocorrer no Tribunal Superior do Trabalho e uma paralisação será prejudicial a todos”, diz a nota. “Haverá perdas para a ECT, transtornos para a população e prejuízo para o trabalhador, que terá os dias parados descontados do pagamento.”
A empresa ressalta ainda ter um “plano de contingência” com medidas para garantir a prestação de serviços à população em caso de greve. Entre essas medidas, conforme a direção dos Correios, estariam a contratação de trabalhadores temporários, a realocação de empregados das áreas administrativas e a realização de horas extras e de mutirões para triagem e entrega de cartas e encomendas nos finais de semana. “Os Correios continuam abertos ao diálogo e acreditam que tenham oferecido proposta adequada para fechamento do acordo coletivo”, conclui a nota.
No ano passado, a categoria permaneceu em greve durante 28 dias. Houve desconto salarial de sete dias parados; os demais 21 dias foram compensados aos sábados e domingos. “Todo ano a empresa faz essa ameaça. Nossa luta é para que não haja [o desconto]”, diz Azevedo. “Temos o pior salário entre as empresas estatais.”
Os sindicalistas ouvidos pela Agência Brasil reclamam que a empresa, ao propor uma “adequação” do plano de saúde às normas da Agência Nacional de Saúde Complementar (ANS), estaria tentando retirar benefícios, como o direito de incluir pais e mães no plano. “Esta é uma grande conquista obtida pela nossa categoria no passado, da qual não abrimos mão”, diz o dirigente da Fentect.
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